Na semana em que o presidente Jair Bolsonaro isentou os japoneses da exigência do visto de turismo e de negócios, o embaixador do Japão no Brasil, Akira Yamada, disse à Agência Brasil que aumentou o número de executivos japoneses interessados em vir para o país conhecer os projetos brasileiros e investir. Segundo ele, os investimentos estão atrelados às reformas da Previdência e Tributária em tramitação no Congresso Nacional.
“O governo Bolsonaro está apenas começando, espero que o novo governo tenha uma política de liberação da economia e política de livre comércio”, afirmou Yamada, informando que as empresas observam o Brasil com “muita expectativa”. “Se a política se estabiliza e a economia caminhar bem não só as empresas japonesas, mas muitas companhias do mundo terão muito interesse em investir no Brasil.”
De acordo com o embaixador, há cerca de 700 empresas japonesas atuando no Brasil. De acordo com ele, este número não cresce há cinco anos . No entanto, o diplomata está otimista com os possíveis avanços que virão. “Compartilhamos valores fundamentais básicos como democracia, direitos humanos e justiça. Queremos desenvolver ainda mais essa parceria não só no contexto bilateral mas nos fóruns internacionais.”
Com a confirmação da presença de Bolsonaro na Cúpula do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), em junho, em Osaka (Japão), o embaixador disse que o encontro deverá intensificar as relações Brasil e Japão.
A exemplo do governo dos Estados Unidos, o embaixador disse que o Japão apoia a entrada do Brasil no grupo de países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“As empresas japonesas têm muito interesse em investir no Brasil agora. Sinto que o interesse de empresas japonesas sobre o Brasil está se recuperando”, disse. Segundo o diplomata, há um interesse mundial no Brasil, como observa a partir de relatórios de bancos sobre a economia no mundo.
Yamada destacou que as autoridades brasileiras e japonesas estão em contato permanente para destravar os obstáculos à exportação. Segundo ele, os principais obstáculos se concentram nas questões fitossanitárias.
“O Japão tem um sistema muito rígido na questão sanitária. Se houver alguma carne contaminada isso afetaria o Japão. Uma vez concluindo o estudo sanitário, a carne poderá voltar a entrar no mercado japonês. O tema sanitário não é político, é técnico.”
O embaixador ressaltou que o “frango brasileiro quase domina o mercado japonês”. Porém, os produtores brasileiros querem elevar os números. Pelos dados oficiais, o Brasil exporta para o Japão principalmente minérios de ferro e concentrados, além de celulose e café cru. Do Japão, o Brasil compra óleos combustíveis, peças de veículos, aparelhos, automóveis, motores e pneus.
Para embaixador, a relação entre Brasil e Japão começou há 110 anos com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses. Ele ressaltou que há aproximadamente 2 milhões de japoneses e descendentes japoneses no Brasil, o maior contingente populacional fora do Japão.
De acordo com o diplomata, o empenho na parceria pode ser observada, por exemplo, na execução do Projeto de Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer), um programa de cooperação iniciado na segunda metade dos anos 1970 com a participação de técnicos e pesquisadores japoneses para incentivar o plantio de cereais, sobretudo soja, no cerrado brasileiro.
“Tanto os japoneses como os brasileiros têm de estar orgulhosos com a história do Prodecer. Esse projeto é um marco na história mundial da agricultura”, afirmou Akira Yamada.
Entusiasmado, Yamada disse que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2020, em Tóquio, serão “os mais inovadores da história”. Sem entrar em detalhes, ele afirmou que haverá o uso de tecnologia avançada, incluindo biometria facial e robótica.
Admirador do futebol brasileiro, o diplomata afirmou que aguarda com ansiedade o mês de junho quando o Japão participa, como convidado, da Copa América. “Meu sonho é que o jogo final seja entre Brasil e Japão”, disse o embaixador, lembrando que no que se refere às tradições milenares nipônica, o reconhecimento do Brasil é total.
A pedido do governo brasileiro e da Confederação Brasileira do Judô, atletas brasileiros irão ao Japão para aprender a metodologia do ensino de judô nas escolas públicas. O objetivo é implementar nos colégios a prática que é disciplina para os alunos japoneses.
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