Arthur Miguel, de apenas dois meses, estava dormindo em seu quarto quando foi atingido por uma árvore de eucalipto, na comunidade de Acari, Zona Norte do Rio, na tarde desta segunda-feira. Internado na UTI do Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, ele agora trava uma luta para sobreviver a mais esse desastre ocasionado pelas chuvas no Rio de Janeiro. Na tarde desta terça-feira, o bebê será submetido a uma cirurgia na cabeça, que está inchada. Ele não corre risco de morte, segundo os médicos informaram à mãe de Arthur, mas há a possibilidade de sequelas no futuro. Em nota, a Secretaria estadual de Saúde do Rio informou que o estado de saúde é grave.
Eram por volta de 18h quando chovia forte na região. A mãe, Lidiane Ribeiro da Silva, de 19 anos, estava em casa com sua mãe no momento que uma árvore atingiu quatro casas. Sete pessoas foram atingidas, entre elas uma gestante e duas crianças, mas sem gravidade. O caso mais grave é o de Arthur Miguel, que fraturou um pedaço do crânio com a queda.
— Tinha muita chuva, muito vento, a gente não imaginou que (a árvore) poderia cair. Ela caiu inteira, deve ter sido um raio. Caiu na parte da cozinha e no quarto onde ele estava.Após o acidente, a família passou momentos de sufoco. Na tentativa de conseguir uma ambulância, chegou a parar uma no meio da rua, mas sem sucesso. Arthur, que estava desmaiado, foi levado para a UPA de Costa Barros, atendido prontamente e encaminhado então para a emergência do Hospital Getúlio Vargas para fazer novos exames.
— Eu desci direito pra pista, parei no meio da rua. Passou uma ambulância, ela não parou.As pessoas fizeram um protesto na via, conseguiram parar um motorista de aplicativo que conseguiu me levar. Se não fosse isso, o meu filho não teria sobrevivido — relata a mãe.
No entanto, ao chegar na hospital, Lidiane e Arthur Miguel viveram novos momentos de desesperos: faltava luz na unidade e não havia como fazer os exames:
— O chefe olhou para a cara da gente e disse: ou vocês esperam duas horas pra fazer esse exame ou se retirem daqui e voltem para a UPA. Eu falei que não ia sair, que meu filho tinha dois meses e estava desmaiado há três horas. Estava ficando meio amarelo — lembra ela.
Foram três horas aguardando para que o exame fosse feito. Enquanto aguardava, Arthur ficou ao lado de uma criança com tuberculose e internado na enfermaria lotada. Somente no início desta manhã foi encaminhado para a UTI da unidade hospitalar. Agora, além da preocupação com a saúde do filho, Lidiane terá que pensar na reconstrução da casa:
— A minha casa acabou. Primeiro, eu quero pensar no meu filho e depois, sim, pensar lá fora. Tenho que me manter tranquila para manter meu filho tranquilo — destaca.
De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), da prefeitura, devido ao temporal da noite desta segunda-feira, foram registrados 53 quedas de árvores, uma queda de um poste de luz e a formação de bolsões d'água em quatro localidades do município.
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