A preferência pelo parto cesário bateu o record na Paraíba em 2018. O Portal ClickPB teve acesso aos dados da Secretária de Saúde que identificou 36.328 contra 24.751 normais, uma diferença de 11.577. Já no ano passado, apesar da redução no número de partos, a prevalência das cirurgias cesarianas se mantém com 34.461 contra 22.329 partos normais, uma diferença de 12.132. Nos últimos cinco anos, o estado registrou 296.578 partos entre cesários e normais.
De acordo com o Governo Federal, o Brasil vive uma epidemia de cesarianas há muitos anos: cesáreas chegaram a 55,6% dos partos em 2014 sendo 84,6% na saúde suplementar e 40% na rede pública, ao passo em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia que taxas de cesarianas superiores a 10% em uma população não estão associadas a uma redução de mortalidade materna e neonatal. Idealmente, uma cesárea deveria ser realizada apenas quando ela for necessária, do ponto de vista técnico. Não há justificativas clínicas para tantas cirurgias.
Segundo a Dra Andrea Correa, existe um desafio grande da saúde no Brasil para diminuir esse índice por diversos fatores. “É alarmante esse cenário que tem colocado o país como o que mais realiza procedimentos dessa natureza perdendo apenas para a República Dominicana. Sabemos das consequência que esse tipo de cirúrgia traz não só para a mãe, mas para o bebê também e essa conscientização tem ganhado espaço dentro do próprio governo”, avaliou ao destacar também o relatório da Agência Nacional de Saúde divulgado no início desse mês que alerta para uma epidemia de partos cesários no país.
A especialista também cita a desinformação entre as razões que favorecem o surgimento da ‘indústria da cesárea’ no país. “Uma pesquisa feita pela Fiocruz sobre a ‘Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo, que acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio, na saúde suplementar, identificou que no início do pré-natal, 70% delas não tinham a cesárea como preferência. Mas 90% acabaram tendo seus filhos e filha assim – em 92% dos casos, a cirurgia foi realizada antes de a mulher entrar em trabalho de parto”, explicou.
Para se ter uma ideia, o Brasil chegou aos 52% dos partos feitos por cesarianas – enquanto o índice recomendado pela OMS é de 15% -, se tornado o recordista desse tipo de parto no mundo. Na rede privada, o índice sobe para 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades.
O alerta do governo sobre essa epidemia considera que a intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra.
Confira as vantagens para a mãe e o bebê com o parto normal:
– A mulher participa das decisões baseadas nas pesquisas mais atuais.
– Como resultado, vive uma experiência mais positiva do parto.
– Tem menos chances de depressão pós-parto.
– Tem menos chances de passar por procedimentos sem necessidade (cirurgia, corte na vagina e utilização de medicação).
– O bebê nasce no seu tempo e com o mínimo de intervenções possíveis.
– Por isso, tem menos riscos de ser encaminhado para a UTI-neo.
– Há melhora na imunidade para o resto da vida.
– O bebê pode mamar na primeira hora de vida, fortalecendo o vínculo materno.
Confira abaixo o levantamento dos últimos cinco anos sobre o cenário dos partos realizado na Paraíba:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta sobre o excesso de cesarianas desnecessárias em países como o Brasil, um dos líderes disparado nesse tipo de parto. De acordo com o ranking da OMS, somos o único país do globo a ter mais da metade de todos os nascimentos feitos por essa cirurgia: 53,7%.
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