sexta-feira, 1 de junho de 2018

Aberta a temporada das paradas gays no Brasil e no mundo



Vai começar a temporada das paradas gay. De São Paulo a Nova York, passando pelo Rio e Porto Alegre, o mês do orgulho LGBTI — a letra “I”, incluída recentemente, abraça os intersexuais, para quem não se encaixa em feminino ou masculino —, é celebrado agora em junho e, a partir daí, as paradas começam. Da mais festiva à mais politizada, descubra qual é a sua parada.
Nova York
O desfile, que acontece no dia 24, é bem segmentado: tem os policiais gays de Manhattan, o grupo gay da Universidade de Harvard, as bombeiras lésbicas de Chicago, e por aí vai.
A terceira colocação no ranking de turistas que participam cabe a nós, brasileiros. Por isso, agências de turismo daqui capricham nos pacotes que incluem passagens, hospedagens e convites para festas.
O ponto alto se dá quando o público entra embaixo da gigante bandeira com as cores do arco-íris, com direito até a lágrimas das pessoas, que bradam por igualdade.
Como se vê, o cunho político é levado muito a sério ali, principalmente quando a marcha passa por Stonewall Inn, local da revolta de Stonewall, em 1969, movimento que estabeleceu a luta de gays e lésbicas nos Estados Unidos.
Ao final, o público se divide entre o clube Le Bain, que fica no 18º andar do Standard Hotel; o Industry Bar, preferido dos jovens e que funciona onde originalmente ficava um armazém industrial; e o Barracuda Lounge, um clássico em termos de bares gays em NY, famoso pelos shows de drags.
São Paulo
A maior parada do país dá o start no mês do orgulho gay no Brasil e acontece domingo, com concentração na Avenida Paulista, em frente ao Masp. Considerada uma das maiores do mundo, segundo os organizadores reuniu 3 milhões de pessoas ano passado.
Tem ares de megaevento mesmo e reúne todos os tipos: famílias, curiosos, gays jovens em busca de diversão e também a turma que luta pelos direitos da comunidade. O slogan desta 22ª edição é ‘Poder pra LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz’.
Grande parte do comércio da região nos Jardins e no centro da capital paulista se prepara para receber os frequentadores, estampando a bandeira do arco-íris em suas fachadas. No quesito agito, não tem para ninguém: a boate The Week reina.
— Batizamos nossa programação de Eterna Festival e, além da boate, vamos ocupar o Clube Esperia, o Tom Brasil e o Clube Atlético da Portuguesa com várias festas — conta André Almada, o dono da The Week.
Rio (Madureira)
Sem a pompa da parada irmã de Copacabana, reúne a comunidade gay da Zona Norte do Rio, é animadíssima e tem clima descontraído. Com expectativa de bater a casa de um milhão de pessoas da edição passada, acontece dia 1º de julho e passa pelos principais pontos do bairro, como o Viaduto e o Calçadão de Madureira.
A cantora Ludmilla se apresentou na edição passada da Parada de Madureira – Gustavo Miranda / Agência O Globo
— Aqui não é para ver e ser visto. É focado em lutar pelos nossos direitos mesmo — diz Loren Alexsandre, trans e presidente do Grupo Movimento de Gays, Travestis e Transformistas (MGTT), que organiza a parada.

O fervo após o desfile acontece na Travessa Almerinda Freitas, que concentra barraquinhas de bebidas e comidas, muitas já em clima de festa junina, com quitutes típicos.
A boate Papa G, a maior da região, que também fica na travessa, é outro point dessa parada. David Brazil é o padrinho e Viviane Araújo, a madrinha.
Rio (Copacabana)
Fundada em 1995, acontece na Praia de Copacabana e é a parada mais antiga do país. Ano passado reuniu 800 mil pessoas e a expectativa agora é passar de um milhão. A rede hoteleira carioca fica em festa, com taxa de ocupação que beira 90%.
Mesmo assim, essa parada sofreu um baque desde que, ano passado, sofreu corte de R$ 300 mil que a prefeitura destinava, em média, anualmente ao evento, há nada menos que 20 anos. Justamente pela falta de verba e no aguardo da resposta de patrocinadores — os organizadores até inscreveram a parada na Lei Rouanet — , a data ainda está indefinida.
— Se não acontecer dia 24 de junho, vamos buscar outra data em setembro. Mas não vamos nos abater. Já estamos negociando com Pabllo Vittar, Preta Gil e Iza para estarem em nossos trios — diz o organizador Claudio Nascimento. Muito frequentada pelos gays sarados, que desfilam sem camisa, ostentando a ‘barriga tanquinho’ pela orla, essa parada alia com dose certa de purpurina modernidade e tradição.
Como de costume, a ideia é ter Jane Di Castro cantando o Hino Nacional na abertura. Descontraído, o clima de paquera rola solto e um dos pontos altos do agito é o popular ‘beijaço’.
— É um momento bonito, de grande expressão, sem medo de demonstrar nosso afeto — explica Claudio. O point mais concorrido da parada é o quiosque Rainbow, que fica em frente ao Copacabana Palace. Ao final, os bares da Rua Farme de Amoedo, tradicional reduto gay, também reúnem muita gente. E formam alguns novos casais.
Porto Alegre
O sul do país não fica de fora do movimento das paradas e, apesar do frio que faz por lá essa época do ano, a temperatura promete subir dia 1º de julho, quando acontece a 11ª edição da Parada de Luta LGBTI de Porto Alegre, no Parque Farroupilha.
— O movimento aqui começou com a Parada Livre, que ainda existe. Mas nós, um grupo de dissidentes dela, fundamos essa que hoje é a parada mais representativa do Rio Grande do Sul — diz Will Dreher, um dos organizadores, que espera reunir cerca de 100 mil pessoas, assim como na edição passada.
Apesar de ser menos espalhafatosa, mais contida mesmo, o espírito ali é da busca por representatividade. A comunidade gay local reclama, inclusive, que as duas boates LGBTI da cidade foram fechadas recentemente. Mas nem por isso quem pretende conhecer essa parada pode esperar desânimo.
Durante todo o fim de semana do evento a região boêmia de Porto Alegre, conhecida como Cidade Baixa, ferve. O Bar Bahamas é um dos points e por lá a pedida é a sopa de capelletti servida no pão italiano. O Espaço 900, localizado também na Cidade Baixa, tem mesas disputadíssimas. Descolado, o ambiente mistura arte, cultura, música, boa gastronomia e ares de pub. A paquera rola solta.
O Globo

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