O Rio Grande do Norte está entre as sedes nordestinas da Copa do Mundo de 2014 que não agregaram qualquer benefício para seu turismo internacional com o evento da FIFA e com a construção de um estádio de futebol. Dos 38.014 estrangeiros que entraram na capital potiguar naquele ano, apenas 28.580 voltaram a visitar a cidade em 2015. Em 2013, foram 35.888. A construção do estádio Arenas das Dunas custou aos cofres públicos mais de R$ 400 milhões.
Os dados estão na 25ª edição 2017 do “Brasil em números”, publicação anual bilíngue (português e inglês) lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta quinta-feira, 30, reunindo as principais informações socioeconômicas sobre o país, como as contas nacionais, os índices de preços e as características demográficas.
No Ceará, onde o Castelão foi inteiramente reformado para o evento ao custo R$ 518,6 milhões, o fenômeno também se repetiu. Dos 85.025 turistas que entraram no estado em 2014, apenas 78.711 retornaram em 2015. Em Recife, onde o Arena Pernambuco custou R$ 532,6 milhões, dos 78.075 turistas que entraram em 2014 só 66.232 voltaram no ano seguinte.
A exceção no Nordeste foi a Arena Fonte Nova, que custou por volta de R$ 684 milhões. Em 2014, Salvador contabilizou a entrada de 145.660 turistas e, no ano seguinte, 151.660 desembarcaram por lá.
Para Isabelle de Fátima Silva Pinheiro, turismóloga formada pela Universidade Federal de Campina Grande/UFCG, que assina o capítulo sobre Turismo do “Brasil em Números”, faltou planejamento e organização. Ela escreve: “Acreditamos que faltaram estratégias mais eficazes que alinhassem a realização destes dois eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas) com a qualificação e a diversificação da oferta turística no País, já estimuladas pelo Ministério do Turismo através das políticas públicas, com as oportunidades de visibilidade mundial que os eventos esportivos poderiam gerar”.
Entre as cidades mais visitadas no Brasil entre 2013/2014, segundo o documento, estão o Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo e Foz do Iguaçu. O estudo também aponta uma a queda no volume de turistas em São Paulo entre 2014/2015 (-9,7%), fazendo com que a capital paulista caísse do segundo para o quarto lugar em entrada de visitantes, ficando atrás de Florianópolis e Foz do Iguaçu, respectivamente.
O Rio de Janeiro, um dos cartões postais do Brasil, também registrou queda entre 2014/2015 de 12,6%. No ano da Copa de 2014, de todas as cidades sede, somente Rio de Janeiro (45,2%), São Paulo (19,4%) e Salvador (7,3%) aparecem como as mais visitadas pelos turistas estrangeiros para lazer.
“Assim, entende-se que Florianópolis e Foz do Iguaçu, mesmo não sediando os jogos, se beneficiaram como destinos receptores do Brasil, principalmente pela demanda sul-americana, uma vez que estão próximas às regiões de fronteira”, interpreta o documento do IBGE.
Ainda de acordo com o estudo, entre os destinos emissores de maior expressividade no envio de turistas para o Brasil estão a Argentina na América do Sul com 29,84% do fluxo total, seguido dos Estados Unidos, na América do Norte, com 9,84%; e a Alemanha, no continente Europeu, que compreendeu 3,92% deste fluxo, considerando a média de turistas dos anos 2013, 2014 e 2015.
Para a autora contratada pelo IBGE para comentar esses números, a proximidade com o Brasil dos países da América do Sul facilitou a entrada no País, tanto em termos de infraestrutura de acesso (aéreo e rodoviário) como em relação a preços dos serviços e produtos turísticos.
Para ela, muito por causa dessas facilidades, a entrada de turistas vindos dos países da América do Sul cresceu 6,7% entre 2013 e 2014, e 9,15% entre 2014 e 2015. Entre os principais destinos emissores de turistas por continente, somente a Argentina apresentou um aumento do número de turistas entre os anos de 2013 a 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário