domingo, 25 de junho de 2023

Brasil tem mais amputados por armas e explosivos do que o Exército dos EUA em 16 anos de guerras

Jorge de Oliveira de Araújo teve a perna amputada após ser atingido por um tiro de fuzil quando chegava em casa — Foto: Márcia Foletto/O Globo

A brutalidade da violência armada que espalha mortes pelo Brasil também amputou pelo menos 2.044 pessoas em todo o país nos últimos 15 anos, revela a série de reportagens “Mutilados”, publicada a partir deste domingo pelo jornal ‘O Globo’.

De janeiro de 2001 a outubro de 2017, tempo de guerras como a do Iraque e a do Afeganistão, esse foi o drama de 1.705 soldados americanos, indica um estudo publicado pela Divisão de Vigilância em Saúde das Forças Armadas dos EUA.

Os dados no Brasil foram extraídos da análise das autorizações de internações hospitalares (AIHs) do Ministério da Saúde. E apontam que a tragédia das mutilações no país supera, num intervalo de tempo parecido, a de militares das Forças Armadas dos Estados Unidos que sofreram amputações de membros superiores ou inferiores devido a lesões em combate.

Estados e cidades

No Brasil, o Estado da Bahia — que na última década costuma liderar o ranking de mortes violentas intencionais no país — também é o que tem mais amputações registradas no sistema do Ministério da Saúde, com 244 casos.

O Rio de Janeiro, estado com territórios controlados por traficantes e milicianos, vem logo em seguida, com 202. Já o Pará, marcado por disputas por terra no interior e violência nas cidades, é o terceiro da lista, com 198 registros. E São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, é o quarto, com 196.

As cidades do Brasil com mais amputações por arma de fogo ou explosivos — Foto: Editoria Arte

Faixas etárias

A análise feita pelo jornal ‘O Globo’ a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação indicam ainda que, no país, a média de idade das pessoas afetadas é de 33 anos. Mas as mutilações atingem todas as gerações. Jovens de 20 a 29 anos representam quase um terço dos afetados nesse período.

As crianças de 0 a 11 anos representam 3% das vítimas e os adolescentes, de 12 a 17 anos, 11% do total. Na outra ponta da pirâmide etária, 8,5% são idosos, com mais de 60 anos.

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