quarta-feira, 30 de junho de 2021

Onda de calor histórica faz o Canadá bater 49,5ºC e leva a mais de 230 mortes

Homem se refresca em meio a onda de calor histórica no Canadá Foto: JENNIFER GAUTHIER / REUTERS

Dezenas de pessoas morreram repentinamente nos últimos dias na região de Vancouver, oeste do Canadá, em meio a uma onda de calor sem precedentes que afeta a região, onde foi registrada a temperatura recorde de 49,5ºC na terça-feira. No total, foram 233 avisos de mortes na província entre sexta-feira e segunda-feira, contra 130 de média em um período normal.

A polícia de Vancouver informou ainda que atendeu a pelo menos 134 chamados de morte súbita desde sexta-feira na região assolada pela onda histórica de calor, que também afeta o oeste dos Estados Unidos.

— Vancouver nunca havia registrado calor semelhante, e, infelizmente, dezenas de pessoas morreram — afirmou o porta-voz da polícia de Vancouver, Steve Addison.

Os serviços de medicina forense da província também informaram que registraram “um aumento importante do número de mortes” desde o fim de semana, o que foi provocado pelo calor extremo. Em comunicado oficial, a polícia federal canadense informou que acredita que o calor contribuiu para as mortes e acrescentou que a maioria das vítimas é de idosos.

O primeiro-ministro da província da Colúmbia Britânica, John Horgan, destacou em entrevista coletiva que “esta é a semana mais quente que os habitantes desta região já viveram”.

— Isso traz consequências desastrosas para famílias e comunidades. A forma de passar por este momento excepcional é ficarmos juntos, verificar (o estado de saúde) das pessoas que sabemos que estão em risco e garantir que temos compressas frias na geladeira — disse.

Vancouver, localizada na costa do Pacífico, há vários dias registra temperaturas acima de 30ºC, bem acima dos 21º notificados em média nesta época do ano.

Pelo terceiro dia consecutivo, a cidade de Lytton, a 250 quilômetros ao leste de Vancouver, bateu na terça-feira o recorde de maior temperatura já registrada no Canadá, com 49,5 graus, de acordo com o serviço meteorológico. Na estação de esqui de Whistler, ao norte de Vancouver, o termômetro atingiu 42 graus.

— Nunca foi tão forte, nunca vi nada assim. Espero que não volte a acontecer porque é demais — declarou Rosa, moradora da cidade, à agência AFP.

Em sua página, o ministério do Meio Ambiente canadense alertou que a duração da onda de calor “é preocupante, pois quase não há trégua à noite”.

Ventiladores em falta

Além da Colúmbia Britânica, também foram emitidos alertas para as províncias mais orientais de Alberta, Saskatchewan e Manitoba, além de partes dos Territórios de Yukon e do Noroeste, no norte do Canadá.

Aparelhos de ar-condicionado e ventiladores estão em falta. As cidades abriram centros de resfriamento, cancelaram as campanhas de vacinação contra a Covid-19 e algumas escolas suspenderam as aulas.

A onda de calor também afetou cidades americanas ao sul de Vancouver no início desta semana, como Portland (Oregon) e Seattle (Washington), conhecidas por seu clima ameno e úmido, onde as temperaturas atingiram o máximo histórico desde o início dos registros, em 1940.

Na tarde desta segunda-feira o termômetro atingiu 46,1 graus Celsius no aeroporto de Portland e 41,6 no de Seattle, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS). A onda de calor que também provocou vários incêndios florestais em ambos os lados da fronteira EUA-Canadá, se deve a um fenômeno conhecido como “cúpula de calor”, em que altas pressões prendem o ar quente na região.

“As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases de efeito estufa aumentam as temperaturas globais. Elas começam mais cedo e terminam mais tarde, causando um impacto cada vez maior na saúde humana e nos sistemas de saúde”, alertou nesta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial, com sede em Genebra.

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