Uma matéria publicada pelo The New York Times revela informações exclusivas a respeito de um suposto acordo entre o Facebook e a Google que teria concedido vantagens substanciais a ambas às companhias no mercado de publicidade digital.
As evidências da existência de algo do tipo estão contidas em um processo antitruste movido contra a Gigante das Buscas por 10 procuradores dos Estados Unidos, apresentado ao tribunal federal do Texas.
De acordo com os documentos, em 2017, a rede social divulgou o início de testes de uma nova plataforma dedicada à área que ameaçaria a hegemonia do buscador. Menos de dois anos depois, teria desistido da empreitada e se juntado a uma aliança que o apoiava.
O motivo não foi revelado, mas executivos de seis parceiros do grupo indicaram tratamento desigual – e, falando sob condição de anonimato, deram ênfase à disparidade existente entre eles e a empresa de Mark Zuckerberg.
Até então, não sabiam, exatamente, o que se passava.
Rede social desistiu de plataforma de publicidade online e aderiu à da concorrente.
Segundo os novos dados, as duas gigantes estabeleceram uma parceria sigilosa batizada de "Jedi Blue", relacionada a um segmento chamado publicidade programática – que arrecada centenas de bilhões de dólares em receita global a cada ano por meio de compra e venda de espaços na internet, aponta o jornal.
Tais leilões ocorrem nos milissegundos entre o clique do usuário e sua chegada ao site, determinando quem ocupará qual espaço nos campos de anúncios disponíveis – e a Google dominava o cenário.
Para lutarem contra essa liderança, diversas empresas se voltaram a um método chamado header bidding, adotado por 70% dos criadores de conteúdo. Com ele, vários lances eram feitos de uma vez, aumentando as chances de compras.
Temendo isso, a gigante lançou o Open Bidding, que oferece outras facilidades a quem opta pela ferramenta. O Facebook tinha planos de aderir ao primeiro – mas, do nada, escolheu o segundo. Os documentos explicam o porquê.
tagens de velocidade estavam entre as cláusulas do acordo para que a rede social não se tornasse concorrente direta da Google. O problema dessa história é que apenas ela teria recebido tais benefícios, em detrimento de outros parceiros do Open Bidding.
Por exemplo, enquanto todos tinham apenas 160 milissegundos ou menos para disputar por um espaço, o Facebook contava com 300, o que garantia uma análise mais acertada das aquisições que fazia.
E mais: as relações de cobrança estavam nas mãos da empresa. O Facebook sabia exatamente quais eram os lances disputados, e os outros não tinham noção alguma disso, já que a Google erguia barreiras entre os envolvidos nos processos.
Aliás, a Google cedia também a identificação de 80% dos usuários móveis e 60% do público da web que recebia os anúncios do Facebook, algo não fornecido aos demais, que gastavam "no escuro."
Ainda nesse caso, em contrapartida, o Facebook prometeu dar lances em 90% dos leilões quando pudesse identificar o usuário final e gastar até US$ 500 milhões por ano até o quarto ano do acordo, exigindo, também, que algoritmos não fossem manipulados a seu favor. Por fim, existe a alegação de que as duas empresas haviam predeterminado que o Facebook ganharia uma porcentagem fixa dos leilões em que licitou.
"Sem o conhecimento de outros participantes do mercado, não importa o quão alto sejam os lances. As partes concordaram que o martelo cairá em favor do Facebook um determinado número de vezes", afirma o processo.
Pesa, também, o fato de que uma das cláusulas do acordo previa que as duas empresas ajudassem uma à outra em eventuais investigações de concorrência desleal. Parece que o momento chegou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário