sexta-feira, 11 de maio de 2018

E agora? Beber muito aumenta atração de homens pelo mesmo sexo, diz estudo



Ingerir bebida alcoólica aumenta a atração de homens que se dizem heterossexuais por mulheres, mas também por pessoas do mesmo sexo. É o que aponta um novo estudo, publicado no “Journal of Social Psychology”, feito nos EUA. Segundo a pesquisa, no caso do público feminino, apesar de haver uma maior abertura, a prevalência continuou sendo o interesse no sexo oposto.

Para chegar a esse resultado, as equipes da Wayne State University e da Western Illinois University, abordaram 83 universitários que se declaram heterossexuais em um bar, entre 22h e 1h, nos Estados Unidos. Os participantes – homens e mulheres – foram convidados a ver dois vídeos, de 40 segundos cada, sendo um com um ator atraente e outro com uma atriz igualmente charmosa, ambos bebendo num bar e conversando com o garçom.

Depois, todos tinham que responder a um questionário sobre quantas doses haviam ingerido até aquele momento, o quão atraentes eles achavam a pessoa no vídeo e o quanto estavam dispostos a realizar atos sexuais com ela. Quanto maior era o grau de embriaguez dos estudantes – conforme determinado por um bafômetro –, maior era a pontuação dada.

Com base nesses dados, os cientistas analisaram como a quantidade de álcool consumida estava relacionada ao interesse sexual no alvo e descobriram que os homens que haviam ingerido dez doses ou mais sentiram atração pelo ator do vídeo. Já os participantes que não tinham bebido nada não demonstravam nenhum interesse. Entre o público feminino, permaneceu a preferência pelo sexo oposto.

Por esse motivo, os pesquisadores acreditam que os homens declarados heterossexuais, sob efeito etílico, estavam propensos a ter relações sexuais com indivíduos do mesmo sexo na mesma proporção que com mulheres. “Isso sugere uma possível mudança no comportamento sexual casual normativo entre homens heterossexuais diante desse tipo de situação”, escreveram os autores no estudo.

De acordo com o psicólogo Daniel Saraiva, especialista em sexualidade, o consumo de álcool pode levar a comportamentos sexualmente fluidos e menos inibidos. “A influência do álcool em circuitos cerebrais específicos reduz nossas ansiedades e inibições em geral, levando-nos a considerar experimentar todos os tipos de coisas que normalmente não tentamos, sexualmente ou não. Em outras palavras, quando estamos bêbados, paramos de nos preocupar com o que ‘devemos’ fazer”, explica.

Para o especialista, há muito interesse e curiosidade por pessoas do mesmo sexo borbulhando sob a superfície em muitos homens que são reprimidos pelo contexto social. “Como há muito estigma associado à bissexualidade masculina, esses desejos permanecem ocultos na maior parte do tempo, ou seja, quando estão sóbrios”, afirma Saraiva.

Segundo o psicanalista Rubens Fonseca, os seres humanos são flexíveis em diversas formas, incluindo a sexualidade. “Existem pesquisas que buscam confirmar a fluidez da nossa sexualidade, ou seja, ela pode variar entre a hétero e a homoafetividade, tanto com homens quanto com mulheres. Fomos e somos doutrinados a regular a nossa sexualidade para seguir um padrão fixo e reto. Quando há o efeito do álcool no cérebro, ele simplesmente abre uma porta”, afirma.

TECNOLOGIA E BEBIDA SÃO USADOS PARA ENCONTROS

De maneira discreta, o publicitário Rodrigo*, 28, que publicamente se declara como heterossexual, utiliza aplicativos de internet para conhecer outros homens há dois anos. Mas, para que o encontro dê certo, a bebida alcoólica deve fazer parte do roteiro.

“Eu não consigo flertar com um cara se eu não tiver bebido alguma coisa antes. O álcool faz com que eu me sinta mais livre, sem medo das consequências”, afirma. Para Rodrigo, essa mesma dificuldade não se aplica na hora de paquerar as mulheres. “Eu já me comporto de um jeito automático e não tenho timidez na hora de abordar uma garota. Fiz isso a vida inteira”, conta.

O rapaz diz que já tentou se relacionar com o mesmo sexo sóbrio, mas não teve êxito. “Encontrei com ele num bar e conversamos muito. Achei que, com o tempo, eu pudesse tomar a iniciativa, mas não deu”, diz. Rodrigo enfatiza que gosta mesmo é de mulheres. “Ter curiosidade de experimentar o outro lado de vez em quando não me torna homossexual. Mulheres ainda são a minha preferência”, garante.

Para o administrador de empresas Paulo*, 34, que afirma ser heterossexual publicamente, a bebida impede que ele se sinta culpado no dia seguinte. “Se passo a noite com outro homem depois de beber, vou me sentir bem lembrando daquilo. Porque já fiz sem ter bebido nada e não curti a experiência”, explica.

Paulo também prefere os aplicativos pela praticidade oferecida. “Se acho um cara atraente, começo a conversar e marco o encontro. Chego antes, bebo algumas doses para me soltar e, pronto. Faço tudo escondido, ninguém sabe, e me sinto bem assim”, diz.

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