O Rio Grande do Norte é o estado da Federação com o maior crescimento percentual de assassinatos de crianças e jovens do país. O desempenho geral do estado é quase 26 vezes à frente da média nacional de 19,7% e de aproximadamente quatro vezes a média para a região Nordeste que é de 135,4%.
O relatório Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso) divulgado esta semana aponta para um crescimento de 509,8% de assassinatos de crianças e adolescentes no RN.
O levantamento levou em consideração o número de assassinatos de crianças e adolescentes de 1 a 19 anos entre 2003 e 2013. Ao todo, no Rio Grande do Norte, 1519 crianças e jovens foram mortos no estado no período pesquisado. Chama a atenção o fato de que quase dois terços dos homicídios aconteceram no intervalo de apenas quatro anos (2010 a 2013).
Entre os anos de 2003 e 2009, o crescimento do número de assassinatos aconteceu de maneira mais lenta, com uma média de 103 mortes por ano. Contudo, entre 2010 e 2013, houve um avanço do número de mortes com um total de 902 assassinatos de crianças e jovens em apenas quatro anos, uma média de 225,5 mortes anuais.
Para a presidente do Instituto Brasileiro de Estudos, Pesquisa e Inovação Social (IBEPIS), Dilma Felizardo, o profundo crescimento é reflexo da ausência de políticas de estado contínuas e convergentes com a realidade do segmento.
“O Rio Grande do Norte precisa de uma ação emergencial para retomar as rédeas das políticas públicas para a criança e adolescente. Hoje, não temos sequer um esboço de uma ação consistente para tentar frear esses números que não param de crescer. A violação de direitos desses jovens é uma constante e, para que isso acabe, é preciso um movimento coordenado e comprometido com o futuro das crianças e adolescentes do RN”, pondera.
Nacional
Por dia, 29 crianças e adolescentes são assassinadas no Brasil. O número coloca o país em terceiro lugar em homicídios de crianças e adolescentes em uma lista de 85 nações. Segundo o relatório, os homicídios são a principal causa do aumento drástico das mortes de crianças e adolescentes por causas externas.
Os assassinatos representam cerca de 2,5% do total de mortes até os 11 anos e têm um crescimento acentuado na entrada da adolescência, aos 12 anos, quando causam 6,7% do total de mortes nessa faixa etária. Entre as mortes ao 14 anos, 25,1% são por homicídio, percentual que atinge 48,2% na análise dos óbitos aos 17 anos.
Os números apontam para um total de 33.306 crianças e jovens com idades entre 1 e 19 anos assassinados no Nordeste, região com o maior aumento do número de assassinatos desse público. O crescimento total no período foi de 135,4%, o maior do país. A região Norte vem em segundo com 101,7%, enquanto a Centro-Oeste vem em terceiro com 58,1%.
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