segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Mais de 5 milhões de brasileiros estão em risco de depressão
Ela nunca vem só: acompanhada por outras enfermidades, hábitos e condições sociais, a depressão contamina as relações interpessoais e a autonomia de quem convive com ela, ecoando prejuízos sociais e materiais que agravam a situação do paciente e de pessoas próximas a ele. Apontada como o transtorno mental mais prevalente no mundo — a Organização Mundial da Saúde estima que haja 350 milhões de pacientes —, a depressão configura-se como uma das inimigas que mais atormentam a saúde humana. Como em qualquer batalha, conhecer o oponente é fundamental. Por isso, cientistas de todo mundo têm se empenhando em estudar e em mapear os mecanismos de ataque da enfermidade. Um dos esforços mais recentes nesse sentido vem de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul.
Eles detalham, no Journal of Affective Disorders, a epidemiologia da doença no Brasil. Utilizando dados de mais de 60 mil pessoas obtidos pela Pesquisa Nacional de Saúde, a equipe liderada por Tiago Munhoz descreveu a proporção de adultos com maior risco de ter a doença mental. Os pesquisadores avaliaram ainda quais grupos populacionais são mais vulneráveis. Segundo os resultados, a prevalência de indivíduos com risco aumentado para a depressão no país foi de 4,1%, o que reflete um número absoluto de 5,5 milhões de brasileiros. Nas análises localizadas, a taxa foi maior na Região Sul (4,8%) e menor na Norte (2,9%).
“O estudo não faz essa correlação, mas eu acredito que a má distribuição de psiquiatras no país tenha influenciado esses resultados. Regiões em que há pouco atendimento especializado para diagnosticar a depressão e baixo nível educacional para que as pessoas procurem informações sobre os sintomas podem desempenhar algum papel nesse achado”, especula a psiquiatra Helena Moura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e não participante do estudo.
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