sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Bancos devolvem recursos bloqueados da Americanas

Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

O desembargador Marcos Andre Chut, da Justiça do Rio de Janeiro, deu um prazo de 24 horas para que o banco Votorantim devolva os R$ 207 milhões que foram bloqueados da Americanas.

Já os bancos Bradesco e Itaú informaram que estão disponibilizando espontaneamente os recursos para a empresa, sem a necessidade de serem intimados para isso. No caso do Bradesco, R$ 474 milhões, já o Itaú, R$ 45,7 milhões.

A Americanas, que entrou nesta quinta-feira (19) com um pedido de recuperação judicial, sofreu com saques em série de recursos feitos pelos bancos credores, o que ajudou a secar o seu caixa e agora tenta reaver o dinheiro. 

O pedido oficializa a tentativa da Americanas de reverter a crise que se instaurou após anúncio de inconsistências contábeis sem precedentes, que somavam, inicialmente, R$ 20 bilhões.

O processo de recuperação judicial de uma empresa geralmente demora anos para ser finalizado. O primeiro passo é a elaboração do documento, em que a empresa cita as razões do problema, a dívida e quantidade de credores que possui — neste caso, uma dívida de R$ 43 bilhões e 16,3 mil credores.

Após a entrega do documento à Justiça, o órgão analisa o pedido e pode aceitar ou não. Segundo dados do Serasa Experian, em 2022, 83% dos pedidos feitos à Justiça foram aceitos.

No caso da Americanas, a Justiça Rio de Janeiro aceitou o pedido. Agora, os próximos passos são:

-Suspensão de  todas as cobranças;

-Publicar a relação de credores

-Detalhamento de um plano sobre como a empresa pode se recuperar da crise, que deve ser feito pelo administrador judicial determinado pela Justiça, no prazo de 60 dias

-De acordo com a decisão, o administrador deve fiscalizar e auxiliar o andamento do procedimento e apresentar relatórios mensais, protocolados na Justiça, sobre o desenvolvimento da atividade do Grupo

Caso o plano seja acatado pelos credores, então ele poderá ser executado.

Casos de pedido de recuperação judicial de grandes empresas podem ter resultados bons ou ruins. A Oi, por exemplo, conseguiu sair da recuperação, mas teve que vender seu principal ativo, que era a operadora de telefonia celular.

Se a Justiça tivesse negado o pedido, a empresa iria automaticamente à falência, o que seria um problema muito maior para a varejista. Já que cria-se um problema para os quase 100 mil trabalhadores diretos e indiretos da empresa, além dos clientes com produtos a ser entregues, e fornecedores que entrariam em uma fila gigantesca de pagamento.

Se o processo de recuperação judicial demora anos, o de falência demora décadas. Até hoje, temos pessoas cobrando empresas que quebraram 20 anos atrás.

Ainda segundo dados do Serasa Experian, entre as empresas que estavam em recuperação judicial entre junho de 2005 e dezembro de 2014, 23% conseguiram voltar à ativa e sair do processo. Já a maioria — 77% — tiveram a falência decretada.

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