segunda-feira, 4 de maio de 2020

Entenda o que são os ‘dedos de Covid’, um dos novos possíveis sintomas para doença




Cinco erupções cutâneas, incluindo os chamados “dedos de covid”, foram observadas em alguns pacientes hospitalizados diagnosticados com o novo coronavírus, segundo um pequeno estudo realizado por médicos espanhóis.

Segundo eles, as erupções cutâneas tendiam a aparecer em pessoas mais jovens e duravam vários dias.

Não é incomum que uma erupção cutânea seja um sintoma de um vírus, como as brotoejas que indicam catapora.

Mas os médicos disseram que ficaram surpresos ao ver tantas variedades de erupção cutânea com a nova doença que se espalhou pelo mundo.

As erupções cutâneas não estão atualmente incluídas na lista de sintomas da doença. Os mais recorrentes são febre alta e tosse seca.

No entanto, houve muitos relatos sobre “dedos de covid-19” — uma erupção cutânea que aparece nos pés dos pacientes, mesmo na ausência de outros sintomas.

Segundo o responsável pelo estudo, Ignacio Garcia-Doval, a forma mais comum de erupção cutânea eram as maculopápulas — pequenas brotoejas avermelhadas e achatadas ou elevadas que tendem a aparecer no torso.

“É estranho ver várias erupções cutâneas diferentes — e algumas são bastante específicas”, diz Garcia-Doval à BBC.

“Geralmente, elas aparecem mais tarde, após a manifestação respiratória da doença — portanto, não é útil para diagnosticar pacientes”, acrescenta.

Todos os pacientes do estudo já estavam no hospital e apresentavam sintomas respiratórios.

O artigo foi revisado e publicado na semana passada na revista científica British Journal of Dermatology.

Todos os dermatologistas da Espanha foram convidados a compartilhar detalhes dos pacientes de covid-19 que haviam visto e que desenvolveram erupções cutâneas nas duas semanas anteriores. Eram 375 no total.

As cinco erupções cutâneas foram:

• Lesões assimétricas, semelhantes a frieiras, ao redor das mãos e pés, que podem causar coceira ou dor. Geralmente encontradas em pacientes mais jovens, duraram em média 12 dias, apareceram mais tarde no curso da doença e foram associadas a infecções leves. Representaram 19% dos casos.

• Pequenas bolhas, muitas vezes acompanhadas de coceira, encontradas no torso e nos membros. Mais incidentes em pacientes de meia idade, duraram cerca de 10 dias e apareceram antes de outros sintomas. (9%)

• Áreas de pele rosadas ou brancas que pareciam comichões acompanhadas de coceira. Principalmente no corpo, mas às vezes nas palmas das mãos. (19%)

• Maculopápulas, pequenas protuberâncias vermelhas achatadas e elevadas. Representaram 47% dos casos. Duraram cerca de sete dias e apareceram ao mesmo tempo que outros sintomas, mas tendiam a ser observados em pacientes com infecções mais graves.

• Livedo (também conhecido como necrose) esteve presente em 6% dos casos. A pele parecia vermelha ou azul, com um padrão semelhante ao de redes. Representa um sinal de má circulação sanguínea. Apareceu em pacientes mais velhos com doença grave.

Dedo do pé com uma mancha branca Foto: COVID-PIEL STUDY

No entanto, os pesquisadores enfatizaram que as erupções cutâneas podem ter muitas causas e pode ser difícil diferenciá-las sem conhecimento médico.

“A relevância deste estudo não é tanto ajudar as pessoas a se autodiagnosticar, mas ajudar a construir uma compreensão mais ampla de como a infecção pode afetar as pessoas”, explica Ruth Murphy, presidente da Associação Britânica de Dermatologistas.

Michael Head, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra, diz que as erupções cutâneas são um efeito colateral bem conhecido de muitas infecções virais, incluindo pneumonia.

“Com a covid-19, erupções cutâneas e úlceras na pele foram observadas em uma parcela dos pacientes hospitalizados. Ainda não sabemos a extensão dessas ligações, ou precisamente por que essa inflamação ocorre em alguns pacientes, mas não em outros”.

A Academia Americana de Determatologia também está compilando um registro de sintomas de pele observados por seus membros.

Época, com O Globo

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