Um grupo de pecuaristas de Mato Grosso, maior produtor de gado do país, está se articulando para criar uma cooperativa para reativar até 15 frigoríficos do Estado. As conversas ainda estão em estágio inicial, mas ganharam força nas últimas semanas, depois que vieram à tona as delações dos irmãos Batista, controladores da JBS.
A crise na empresa que se seguiu às delações provocou uma grande desarrumação no mercado de bovinos. Pecuaristas passaram a temer vender gado à prazo para a JBS, e começaram a procurar outros compradores. Mas as opções são restritas – a JBS concentra cerca de 50% do abate no Estado. Por conta desse desarranjo, o preço do gado bovino acabou caindo.
Com isso, ganharam força as conversas entre os pecuaristas para assumirem frigoríficos fechados. A ideia, segundo Luciano Vacari, diretor executivo da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat), já vinha desde que foi deflagrada, em março, a Operação Carne Fraca, que investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em esquema de corrupção, mas agora foi acelerada. “A abertura de uma cooperativa é uma das possibilidades. Podemos atrair investidores de fora, mas tudo está em discussão ainda”, disse.
Fazem parte desse pool de pecuaristas os irmãos Fernando e Eraí Maggi, primos do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, donos do grupo agropecuário Bom Futuro. A família Maggi é uma das maiores produtoras de soja no Brasil. “Estamos em conversas com o governo do Estado de Mato Grosso”, disse Fernando Maggi. A ideia é que essas unidades possam se tornar exportadoras.
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