Em encontros com cinco governadores e diversos deputados nos últimos dois dias, a presidente Dilma Rousseff conseguiu na sexta e no sábado furar a onda crescente dos defensores do impeachment, gerando um fato positivo para o governo. Mas, na noite de sábado, o PMDB do vice-presidente Michel Temer contabilizava 360 votos a favor do impedimento.
A oposição falava em atingir 380 votos no plenário da Câmara neste domingo, mas as contas mais realistas no QG peemedebista apontavam 360 deputados como garantidos. Seria suficiente para aprovar o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente, mas com uma margem de segurança estreita _apenas 18 votos acima dos 342 necessários.
Por outro lado, ministros de Dilma falavam que tinham atingido 180 votos. No entanto, uma contabilidade mais realista no Palácio do Planalto apontava como certos 150 votos, levando em conta nomes do PP que estavam com o impeachment e mudaram de posição. Ou seja, uma turma que poderia alterar novamente sua atitude ao sabor dos ventos do poder.
Mas é fato que, para o governo, o jogo ficou mais disputado no sábado do que estava na sexta e na quinta, quando a oposição assumiu um clima de “já ganhou”.
Há dois fatores importantes que devem ser considerados na batalha final na Câmara neste domingo. Um grupo de parlamentares que se diz indeciso está negociando com os dois lados para ver quem dá mais. Governo e oposição poderão se surpreender com apoios conquistados no sábado e na sexta. Essa turma poderá desequilibrar o jogo para um lado ou para o outro.
Segundo o jornalista Kennedy Alencar, o outro fator é a ordem de votação no plenário da Câmara, que será desfavorável ao governo. Motivo: votarão primeiro e em maior número os deputados de Estados mais críticos a Dilma. Portanto, apesar do leve favoritismo dos defensores do impeachment, o sábado terminou recomendando cautela ao fazer previsão definitiva sobre o resultado no plenário neste domingo.
Balão de ensaio
Ao discutir nos últimos dias a ideia de propor novas eleições presidenciais antes de 2018, o governo e o PT mostram insegurança.
Se a presidente Dilma barrar o impeachment, dificilmente pensará em novas eleições presidenciais. Haverá uma tentativa de reorganizar o governo com Lula no comando de fato.
Se o impeachment for aprovado, Temer terá uma vitória política e aguardará uma confirmação do Senado para abrir o processo a fim de formar um novo governo.
Essa ideia só faria sentido se fosse proposta para valer antes da votação deste domingo e se houvesse um consenso a respeito dela que não existe hoje.
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