Foto: HKU-MED
Uma série de estudos recentes feitos com animais de laboratório e tecidos humanos está oferecendo a primeira indicação de por que a variante ômicron causa sintomas mais leves que versões anteriores do coronavírus.
Em estudos feitos com camundongos e hamsters, a ômicron provocou infecções menos lesivas e que, em muitos casos, se limitaram às vias aéreas superiores: nariz, garganta e traqueia. A variante causou muito menos danos aos pulmões, nos quais variantes anteriores frequentemente resultavam em cicatrizes e dificuldade respiratória grave.
Em novembro, quando a primeira notícia sobre a ômicron chegou da África do Sul, cientistas só podiam oferecer palpites sobre como o comportamento dela talvez divergisse das variantes anteriores do vírus. Só o que sabiam é que a ômicron possuía uma combinação singular e preocupante de mais de 50 mutações genéticas.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que algumas dessas mutações capacitam os coronavírus a aderir melhor às células. Outras permitiam que o vírus escapasse de anticorpos, que atuam como uma primeira linha de defesa contra infecções. Mas o possível comportamento da nova variante no interior do organismo era uma incógnita.
Ao longo do último mês, mais de uma dúzia de grupos de pesquisadores, incluindo o de Gupta, vem observando o novo patógeno em laboratórios, infectando células em placas de petri com ômicron e esborrifando o vírus sobre os focinhos de animais.
Na quarta-feira (29/12) um consórcio grande de cientistas japoneses e americanos divulgou um relatório sobre hamsters e camundongos infectados com ômicron ou com uma de várias variantes anteriores. O estudo mostrou que os infectados com ômicron apresentaram menos danos pulmonares, haviam perdido menos peso e tinham menos probabilidade de morrer.
Vários outros estudos feitos com camundongos e hamsters chegaram à mesma conclusão. (Como a maioria das pesquisas urgentes sobre ômicron, esses estudos já foram postados online mas ainda não foram publicados em periódicos científicos.)
Essas descobertas precisarão ser seguidas por estudos posteriores, como experimentos com macacos ou um exame das vias aéreas de pessoas infectadas com a ômicron. Se os resultados se mantiverem, talvez expliquem por que pessoas infectadas com a ômicron parecem ter risco menor de ser hospitalizadas que as infectadas com a delta.
Esses estudos claramente ajudam a explicar por que a ômicron causa doença mais branda, mas ainda não respondem por que a variante é transmitida com tanta eficácia. Mais de 580 mil novos casos de coronavírus foram notificados nos Estados Unidos apenas na quinta-feira (30/12), e acredita-se que a maioria tenha sido de ômicron.
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