O sol reluzindo na água azul clara de um canto tranquilo da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, explica o espanto da turista argentina Florencia Pérez, 34, ao saber que aquele trecho é considerado impróprio para banho quase o ano inteiro.
“Aqui é muito lindo, nunca ia pensar nisso. Nossas praias perto de Buenos Aires parecem muito mais sujas”, diz ela logo depois de sair do mar com a filha no colo. Em visita ao Brasil pela primeira vez, ela mal imaginava que quase metade das principais praias turísticas do país estaria suja.
O dado está em levantamento do jornal Folha de S.Paulo. No cálculo, foram incluídas as 31 cidades do litoral brasileiro classificadas na categoria A pelo Ministério do Turismo –as que recebem mais visitantes, geram mais empregos no setor e têm mais leitos de hospedagem.
Nesses municípios, 42% dos 663 pontos monitorados tiveram a água avaliada como ruim ou péssima entre novembro de 2018 e outubro de 2019. Isso quer dizer que esses trechos de mar estavam impróprios para banho em ao menos uma em cada quatro medições feitas no período.
Os dados, que são coletados pelo jornal com os governos locais há quatro anos, indicam uma piora. Em 2018, 40% dessas praias consideradas prioritárias estavam ruins ou péssimas, e em 2016 e 2017, 35%.
A tendência também é de alta quando se considera todos os mais de mil pontos monitorados no litoral brasileiro: 35% foram classificados como sujos neste ano, sendo que quatro anos atrás eram 29%.
Nadar em áreas impróprias pode causar problemas de saúde, sobretudo doenças gastrointestinais ou de pele, como micoses. Outros focos de contaminação, que não são considerados nesta análise, podem ser a presença de lixo na areia e o vazamento de óleo que atingiu o litoral nordestino no último semestre.
Já Natal e Aracaju se destacam por ter a maioria das praias próprias durante todo o ano. São Luís é a única das 31 cidades turísticas do litoral do Brasil com todas as suas praias “péssimas”. Por Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário