No auge da festa, um jovem de seus 20 e poucos anos tira um pacotinho da bolsa e espalha um pó marrom-escuro sobre o balcão do bar lotado. Debruça-se sobre a substância e a inala com força. Volta para a pista pleno de energia e felicidade, efeito que dura meia hora, talvez um pouco mais. A cena se tornou comum nas raves, as festas eletrônicas que varam a madrugada, na Europa e nos Estados Unidos. O que se anda cheirando é o cacau em pó, em busca do “barato”. O efeito é real, atestam os consumidores. No Brasil, o movimento ainda é incipiente.
O fruto moído desencadeia uma onda de substâncias na corrente sanguínea, aumentando a sensação de euforia e bem-estar. Esses efeitos são atribuídos principalmente a dois compostos químicos. O mais abundante deles é a teobromina, que tem ação semelhante à da cafeína, substância com propriedade psicoativa. É ela que confere o estado excitatório. Isso ocorre porque é um vasodilatador, e faz acelerar o fluxo sanguíneo. O segundo composto poderoso é a feniletilamina, que estimula o cérebro a produzir endorfina, também associada à sensação de prazer. Os usuários celebram os resultados do pó de cacau, a principal matéria-prima do chocolate, e glorificam o fato de ser um alimento natural, encontrado em qualquer supermercado e vendido livremente — não seria, portanto, uma droga ilegal. De fato não é, mas os danos podem ser relevantes e merecem olhar cuidadoso.
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