domingo, 3 de setembro de 2017

Doleiro delata 20 aliados de Cunha, incluindo Henrique Alves



A delação do doleiro Lúcio Funaro deverá atingir pelo menos 20 políticos ligados ao ex-deputado Eduardo Cunha, entre eles os ex-ministros Henrique Alves e Geddel. 
Funaro indicou contas onde foram depositadas propinas. Além de complicar a situação do presidente Michel Temer, a delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro deve atingir pelo menos 20 políticos vinculados ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Entre os principais alvos estão os ex-ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), dois dos mais próximos aliados de Temer. Funaro indicou contas bancárias na quais teriam sido depositadas propinas para os dois ex-ministros supostamente a mando de Cunha. 

O caso de Geddel, um dos dois ministros mais fortes na primeira fase do governo Temer, é o mais detalhado. Num dos depoimentos da delação premiada, Funaro explicou de onde tirou e como fez o dinheiro chegar a Geddel. Indica viagens e até o número de voos que usou para se encontrar com o ex-ministro na Bahia. Declarações preliminares do doleiro, antes mesmo do início das negociações para a colaboração, já levaram Geddel à cadeia. O ex-ministro está hoje em prisão domiciliar em Salvador. 

Funaro relatou também que fez pagamentos a mando de Eduardo Cunha a pelo menos mais 18 políticos, a maioria da base governista na Câmara. Cunha indicaria onde buscar ou de quem receber o dinheiro e para quem os subornos deveriam ser repassados. A compra de parlamentares fazia parte do projeto político de Cunha. Depois de passar pela liderança do PMDB, Cunha chegou à presidência da Câmara e, a partir dali, começou a almejar a Presidência da República. O projeto desmoronou depois da descoberta de conta de offshore em nome dele na Suíça. 

Funaro deve ser interrogado na segunda ou terça-feira por um juiz auxiliar do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). O doleiro deverá responder se fez delação por livre e espontânea vontade ou se sofreu coação. Como não há qualquer indicação de irregularidade, a delação deve ser homologada já na próxima semana. Funaro confirma a versão de que recebeu dinheiro do empresário Joesley Batista, da JBS, para permanecer em silêncio, conforme revelou o site do GLOBO na quinta-feira. 

A delação deverá robustecer a denúncia que o procurador-geral, Rodrigo Janot, e equipe estão preparando contra Temer. O presidente da República é investigado por obstrução à Justiça e envolvimento em organização criminosa. 

Com o meio político agitado pela espera da segunda denúncia, Temer decidiu antecipar em um dia sua volta da China, onde participa de reunião dos Brics. Segundo ministros e assessores, o motivo da antecipação não é a denúncia, mas o esforço para aprovar os destaques ainda pendentes do projeto da mudança da meta fiscal. Segundo um ministro, a presença do “general” no quartel vai ajudar a apressar a aprovação dos destaques da mudança da meta e, assim, resolver o problema da proposta do Orçamento. 

Em vez de chegar na quarta, o plano agora é aterrissar em Brasília na terça-feira, a tempo de ainda ter deputados na cidade, já que o feriado do 7 de Setembro vai encurtar a semana. Terça e quarta são os dias de maior trabalho no Congresso e, por isso, segundo auxiliares, a decisão de retornar mais cedo a Brasília. 

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