domingo, 6 de agosto de 2017

Movimento #Elsagate alerta para vídeos de personagens infantis com conteúdo impróprio no YouTube




Uma série de vídeos publicados no YouTube vem despertando a preocupação de pais, que temem ver suas crianças atraídas para conteúdo impróprio, composto por histórias protagonizadas por versões “piratas” de personagens infantis. Há episódios de animação e outros encenados por atores, entre adultos e crianças, com elementos de violência, insinuações de sexo, escatologia e outros assuntos inadequados para menores.
Personagens como Elsa (de “Frozen”), Homem-Aranha, Mickey Mouse e Coringa integram narrativas de conteúdo adulto disseminadas sem controle ou indicação etária. Em geral, os vídeos aparecem no cardápio de opções de produções infantis ou começam a rodar automaticamente após o fim de outro conteúdo.
Para combater o problema, internautas de vários países começaram a marcar esses vídeos com a hashtag #Elsagate, com o intuito de alertar os pais e estimular denúncias contra essas produções.
Moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Sabrine da Silva descobriu o material quando seu filho Nicolas, de 3 anos, começou a se comportar de maneira estranha, de março para cá.
– Ele abaixava a bermuda, pegava alguma boneca ou urso, deitava e colocava em cima do corpo dele. Comecei a perguntar onde ele tinha visto isso, e ele não falava nada. Um tempo depois, ele começou a dar soco, chutar, ficou bem violento – explicou Sabrine.
Ela procurou um psicólogo após um episódio que considerou mais grave:
– Estava deitada na cama, e ele foi até a cozinha, pegou uma faca e veio na minha direção como se fosse fincar em mim. Decidi procurar um médico. Tive a resposta quando olhei o histórico do que ele estava vendo no YouTube. Ele repetia tudo o que o Coringa fazia, inclusive as cenas que simulavam sexo.
Como muitos pais, Sabrine demorou a notar o perigo na telinha do tablet usado por Nicolas, pois quando olhava de longe e via o filho gargalhando de personagens bastante conhecidos do universo infantil, achava que era “coisa boba de criança”. Agora, a cabeleireira espera que, com a ajuda do psicólogo, o menino consiga esquecer as imagens inadequadas que já assistiu e que volte a se comportar normalmente. Mas, de acordo com ela, Nicolas ainda chora e se debate pedindo para ver os vídeos.
Moradora da Zona Norte do Rio, a manicure Giulianna Giumaraes também passou pelo problema com a filha Rafaela, de 4 anos, mesmo deixando-a diante da TV ou do YouTube só quando está por perto.
– Um dia, eu fazendo as coisas em casa e ela vendo vídeo, escutei a música da “Frozen” e pensei que ela estivesse vendo o desenho. Depois vi que da “Frozen” o vídeo só tinha a música e a personagem. Mas mostrava a personagem grávida tendo bebê, beijando o Homem-Aranha. Achei que ela pudesse ter clicado em outra coisa sem querer, já que ela não sabe escrever, mas observei que os vídeos aparecem nas opções em qualquer vídeo infantil que ela esteja vendo – contou.
Há um mês, Giulianna observou que a filha começou a repetir certas cenas:
– Em casa, brincando sozinha, ela estava colocando bonecas por dentro da blusa dizendo que estava grávida. E também vinha me abraçar e tentar beijar minha boca dizendo que era para fazer igual ao vídeo. Falou até de exame de DNA, repetindo uma das personagens. Fiquei passada. É um absurdo fazerem isso com a mente de nossas crianças – frisou a mãe.

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