O homem mais alto do Brasil agora é um paratleta. Joelison Fernandes da Silva, mais conhecido como Ninão, do alto dos seus 2,37m, iniciou nesta semana a sua carreira como jogador de vôlei sentado, vestindo a camisa do Paulistano. Ele investe no esporte, um sonho de infância, sete meses após amputar parte da perna direita, por conta de uma osteomielite.
Passar por uma amputação é um momento difícil na vida de qualquer pessoa. Para Ninão, essa mudança foi ainda maior e de forma inesperada. Um dos jogadores do Paulistano o seguia nas redes sociais e, quando ficou sabendo da necessidade da cirurgia, avisou ao técnico do clube, que passou a acompanhar a situação.
Ninão nunca jogou vôlei profissionalmente; praticava a modalidade quando era criança, gostava bastante, mas teve que parar por conta dos problemas de locomoção que apareceram devido à sua altura. Agora, após a cirurgia, por causa de uma osteomielite, ele tem a oportunidade de voltar a jogar, e em um dos clubes mais tradicionais do Brasil.
— Eu praticava o esporte na minha infância, tinha muita vontade de continuar jogando, mas nunca tive a oportunidade. Agora, Deus está me proporcionando. Tudo no tempo de Deus, não é isso? — disse Ninão.
Ninão está em São Paulo e fez seu primeiro treino com o time do Paulistano na segunda-feira. Ele fechou contrato com o clube por dois anos. O paratleta está em fase de adaptação, mas, segundo Fernando Guimarães, técnico da equipe, já foi possível observar que ele tem uma boa coordenação com a bola nas mãos.
— Entramos em contato através da Confederação e o convidamos para integrar a equipe do Paulistano. A diretoria do clube se empolgou, ele veio e ainda está em fase de adaptação. Foi a primeira vez dele jogando. Estamos muito felizes, foi uma surpresa ver que ele é muito coordenado, tem movimentação de braço e toque — afirmou o técnico.
Postagem de Ninão no Instagram, mostrando uma das quadras do CT Paralímpico e se referindo ao local como sua nova casa — Foto: Reprodução / Instagram
Postagem de Ninão no Instagram, mostrando uma das quadras do CT Paralímpico e se referindo ao local como sua nova casa — Foto: Reprodução / Instagram
Fernando Guimarães, além de técnico do Paulistano, também comanda a seleção brasileira de vôlei sentado. Para ele, Ninão foi um achado, como se fosse um "diamante bruto"; por isso. já é possível vislumbrar o paratleta integrando a seleção.
— Ele aprende muito rápido, fez apenas um treino, foi muito interessante de ver. Nos dá um ânimo e uma esperança muito grande, porque ele pode ser um divisor de águas para a Paralimpíada de 2024, em Paris — pontuou.
Ninão em quadra, já como paratleta do Paulistano
No vôlei sentado, podem competir pessoas com alguma deficiência física ou relacionada à locomoção. Com 2,37m de altura, no vôlei convencional Ninão levaria naturalmente vantagem na execução de jogadas; portanto, entende-se que, no esporte paralímpico, esse também seja um diferencial. O iraniano Morteza Mehrzad, de 2,46m de altura, por exemplo, é considerado um dos melhores jogadores do mundo e, assim como Ninão, se descobriu no esporte a partir de seu tamanho.
Neste período em São Paulo, Ninão será acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais, que o auxiliarão na adaptação à nova rotina e também a sua nova prótese.
A chegada dele também foi bastante comemorada pelos seus colegas de time. O jogador Renato Leite, por exemplo, usou suas redes sociais para dar as boas-vindas a Ninão.
O paratleta está animado com a nova fase de sua vida, que é também a realização de um sonho de infância.
— A expectativa é muito grande. Apesar das dificuldades de locomoção, por conta da prótese, que deu um problema, a experiência é muito boa. A equipe muito top, pessoas do bem, do coração de ouro — finalizou Ninão.
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