Antes do massacre de Alcaçuz, as facções eram separadas por pavilhão. Hoje em dia, tentamos ignorar a existência delas, mas a gente sabe que elas existem. A gente tenta fracionar e dividir por alas, para evitar outras chacinas ou derramamento de sangue”.
O relato acima é do agente penitenciário Juscélio Álvares, que há 8 anos atua no sistema prisional potiguar. Atualmente, ele trabalha em um Centro de Detenção Provisória da Grande Natal, onde mais de 100 detentos aguardam julgamento. Ao G1, ele falou sobre o dia a dia na vida de um carcereiro, como o Estado vem lidando para manter as facções sob controle – pelo menos dentro das unidades – como a existência delas afeta o cotidiano dos agentes e de suas famílias, além dos riscos, orgulhos e decepções da atividade.
"Aqui no estado temos duas principais, o Sindicato do Crime do RN e o PCC. Ainda não sei se a Família do Norte chegou por aqui, mas as principais são essas duas”, listou. As duas facções, vale lembrar, foram as protagonistas do mais sangrento episódio do sistema prisional do estado, o massacre de Alcaçuz, em janeiro de 2017, quando 26 detentos foram brutalmente assassinados.
Apesar de admitir que as duas facções ainda marcam território dentro do sistema, Juscélio amenizou a situação: “Hoje, não há tanta interferência. As ditas lideranças estão sob total controle. Elas interferem mais no comportamento deles (dos próprios presos), e eles que têm mais tensão”, afirmou.
O agente também revelou quando, em que determinado momento, essas facções criminosas começaram a ter relevância e interferir mais intensamente na segurança pública. Segundo ele, as facções existem no RN há bastante tempo, “mas foi nos últimos quatro ou cinco anos que percebemos um alavancamento, que os presos se organizaram melhor, mais doutrinados, com códigos para a conduta deles”. Continue lendo aqui...
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