No mundo inteiro a miopia dobrou nos últimos anos segundo a OMS (Organização mundial da Saúde). O tema vem sendo estudado desde 1969. Só para se ter uma idéia, após processo de alfabetização, uma população de esquimós sem qualquer incidência de miopia foi induzida à leitura ávida pelo clima frio e teve cerca de 65% de seus descendentes com o problema. No Brasil não é diferente. Um estudo conduzido pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto em que participaram 360 crianças de 9 e 13 anos de idade que chegavam a ficar até mínimo 6 horas ininterruptas usando computador ou videogame, 21% apresentaram miopia contra a prevalência de 12% apontada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Queiroz Neto afirma que 30% das crianças que usam excessivamente computadores apresentam stress ocular e que há uma correlação entre a síndrome da visão no computador (CVS) e a miopia transitória ou acomodativa.
Ele explica que a miopia acomodativa e a dificuldade para enxergar de longe por conta de um turvamento da visão causado pelo stress dos músculos ciliares decorrente do excessivo esforço visual para perto que pode durar meses ou tornar-se um mal permanente caso os hábitos não sejam modificados. Não significa, ressalta, uma mudança do comprimento axial do olho que caracteriza a miopia patológica, apenas a dificuldade de foco para longe que acaba influenciando no rendimento escolar por causa da dificuldade de enxergar a lousa entre crianças que não são induzidas a modificar os hábitos. Para quem não consegue tirar os filhos da frente do computador ele recomenda descanso de 15 a 30 minutos a cada hora de vídeo game ou navegação pela Internet.
Influência da genética
O médico ressalta que a miopia pode ser hereditária ou causada por fatores ambientais e depois do advento da informática com telas cada vez menores nos palms nunca a visão de perto foi tão exigida precocemente. Apesar da miopia poder ser transmitida geneticamente, observa, não significa que necessariamente seja passada de pai para filho. Isso porque, quando uma criança nasce, suas características físicas são determinadas em 50% pelos cromossomos da mãe e em 50% pelos cromossomos paternos. Se apenas um dos pais é míope e o filho herda o gene dominante da miopia, tem 50% de chance de se tornar míope. No caso dos pais serem portadores do gene, mas não apresentarem a doença, a probabilidade de o filho ser míope cai para 25%. É isso que explica porque uma criança pode ter olhos normais mesmo que os pais tenham miopia – herdou o gene recessivo.
Aumento do grau em adultos
O especialista diz que entre adultos que já têm o vício de refração é comum o aumento do grau quando permanecem estudando por muitas horas diárias para concursos ou vestibulares. É diferente da criança, ressalta, porque na infância nossos olhos têm maior capacidade de recuperar o poder de acomodação o que explica os casos de miopia transitória. Ele ressalta que a visão se desenvolve até a idade de oito anos e dependendo do obstáculo neste período pode causar danos irreparáveis. Por isso, o primeiro exame de vista deve ser feito aos 3 anos de idade. Quando os pais usam óculos ou a criança apresenta algum sinal de que não enxerga bem, como por exemplo – desvio dos olhos, aversão à luz, lacrimejamento, dor de cabeça ou falta de interesse pelo ambiente – a consulta deve ser antecipada para a idade de dois anos. No Brasil, comenta, o vício de refração na infância de maior prevalência ainda é a hipermetropia (dificuldade de enxergar de perto). Para Queiroz Neto, esta prevalência está associada à exclusão digital das classes menos favorecidas. A prova disso, é que no projeto social Mais Visão que foi dirigido pelo médico entre 2004 e 2007, das 950 crianças que receberam óculos 48,7% tinham hipermetropia, 32,8% miopia e 18,5% astigmatismo. Ainda há muito a ser estudado, mas as crianças precisam voltar a brincar ao ar livre para manter a saúde ocular, conclui. (Noticias ao Minuto)
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