Excesso de horas de trabalho, cobranças excessivas por resultados imediatos e o medo da demissão. Essas são algumas das motivações que afetam diretamente a saúde dos trabalhadores. Uma pesquisa recente realizada pelo Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) aponta que 43% dos respondentes alegaram que estão com sobrecarga de trabalho.
De acordo com a psicóloga e psicanalista Rozeann Soares de Souza, algumas pessoas são mais afetadas pelas situações de estresse diário, e podem chegar a desenvolver consequências como ansiedade, pânico, depressão ou Síndrome de Burnout. “A qualidade do trabalho pode, então, impactar o estado psicológico dessas pessoas”, contou ela, em entrevista ao Agora RN.
A síndrome é resultado de estresse repetitivo no qual o paciente, além de cansaço psicológico, começa a apresentar dores físicas.
Desde 1º de janeiro, a Burnout passou a ser considerada doença ocupacional, após ser incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na prática, significa que agora os acometidos agora possuem os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários assegurados no caso das demais doenças relacionadas ao emprego.
“As decorrências das situações extremas de estresse enfrentadas no dia a dia podem ser gatilho para uma possível tentativa ao suicídio”, disse a psicóloga. “Por isso é importante estar atento aos sinais, para que não passem despercebidos”.
Para melhorar as condições no ambiente de trabalho, a psicóloga acredita que ações de promoção ao bem-estar dos trabalhadores devem ser tomadas. Entre elas, pautar a questão da saúde mental não somente em meses de campanha sobre o assunto, mas durante todo o ano. “Eu defendo um olhar mais humanizado ao trabalhador. Por exemplo, que haja o suporte de um profissional qualificado, como um psicólogo que em um momento de crise do empregado possa fazer uma escuta e um acolhimento”, frisou Rozeann. “Eu penso em um clima organizacional que não seja opressor a quem trabalha”.
Segundo a OMS, o ambiente de trabalho saudável é aquele em que “tanto empregados quanto gestores contribuem ativamente para a promoção e a proteção da saúde, da segurança e do bem-estar de todos”. As ações com essa finalidade, em relação à saúde mental, incluem o oferecimento de suporte aos trabalhadores, o envolvimento deles no processo de tomada de decisão (o que desenvolve um senso de controle e participação), práticas organizacionais que promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal e programas que reconheçam e recompensem a contribuição dos trabalhadores”.
Setembro Amarelo: A vida é a melhor escolha
Este ano, o tema da Campanha do Setembro Amarelo é “A vida é a melhor escolha!”. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza, em território nacional, o Setembro Amarelo.
“Todos nós devemos atuar ativamente na conscientização da importância que a vida tem e ajudar na prevenção do suicídio, tema que ainda é visto como tabu”, afirma a campanha deste ano. “É importante falar sobre o assunto para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda e entendam que a vida sempre vai ser a melhor escolha”
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