Com a redução dos roubos de carga, os Correios decidiram suspender uma taxa extra de R$ 3 que era cobrada dos clientes por cada encomenda entregue na região metropolitana do Rio de Janeiro desde abril.
A extinção da cobrança foi anunciada nesta segunda-feira (22) pelo presidente da empresa pública, Carlos Roberto Fortner, depois de uma reunião com o general Richard Nunes, nomeado secretário de Segurança Pública após a intervenção federal no estado.
A taxa será retirada a partir de 16 de novembro, para que dê tempo de atualizar o sistema das tabelas de preço. Ela vinha sendo recolhida desde 10 de abril, segundo os Correios, para cobrir os custos adicionais de medidas como o pagamento de indenizações e a necessidade de vigilância e escolta armada.
Na ocasião, foi anunciado que a cobrança poderia ser suspensa caso os índices de criminalidade diminuíssem. Desde então, a empresa vem acompanhando mensalmente os números apresentados pela Secretaria de Segurança do RJ.
“Temos observado que os índices vêm caindo sistematicamente, a ponto de termos hoje índices equivalentes aos de 2012”, disse Fortner à imprensa. “Nós temos hoje, com relação ao ano passado, uma redução de 60% nos crimes contra os Correios.”
Apesar de não ter conseguido reduzir os homicídios e ter feito disparar as mortes por policiais, a intervenção federal de fato conseguiu reverter a tendência de alta nos roubos de carga no estado, que vinham crescendo ininterruptamente desde 2014.
Houve 5.298 casos de março a setembro deste ano, ante 6.463 no mesmo período do ano passado -uma queda de 18%. Quando se considera o estado como um todo, porém, a informação de que os índices voltaram ao patamar de 2012 não se confirma: foram 2.115 no mesmo intervalo daquele ano.
A intervenção foi decretada de forma inédita pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro e significa que as polícias, os bombeiros e as prisões do RJ estão sob responsabilidade do governo federal até dezembro.
“Incorporamos à mancha criminal do roubo de cargas uma mancha criminal específica para os Correios. A partir daí pudemos trabalhar de forma integrada e o benefício veio para todos”, afirmou o secretário nesta segunda.
SEM ENTREGA
Em fevereiro, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que a explosão da criminalidade nos últimos anos levou os Correios a suspender a entrega de produtos em quase metade da cidade do Rio.
Dos 27.616 endereços da cidade, 12.037 têm algum tipo de restrição, o que equivale a 44% do total, segundo dados que integram a base do sistema de informação da empresa.
Em mais da metade deles (6.469), a entrega só ocorre com o uso de aparato especial de segurança, como escolta armada, o que obrigatoriamente provoca a ampliação dos prazos para recebimento de produtos.
No restante dos casos (5.568), porém, a distribuição não ocorre de forma nenhuma e os clientes precisam buscar a encomenda em uma unidade dos Correios. Na zona norte, por exemplo, há uma série de distritos com veto total de entregas em 100% dos endereços.
A maior quantidade de CEPs sem restrição de entrega está na zona oeste e na zona sul, como Botafogo, Ipanema e Copacabana, mas até essas regiões na área nobre estão cravejadas de pontos sem acesso dos carteiros, em comunidades controladas pelo crime em meio a bairros mais ricos. Com informações da Folhapress.
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