Os presidiários do Rio Grande do Norte estão mudando as formas de comunicação com o lado externo dos presídios após a colocação de bloqueadores de telefonia móvel. De acordo com o secretário Wallber Virgolino, da Sejuc, os presos agora voltaram a uma velha maneira de passar mensagem: o recado. Segundo o secretário de Justiça e Cidadania, os apenados já começaram a se adaptar à presença dos aparelhos bloqueadores de telefonia móvel na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), Região Metropolitana de Natal.
Aproveitando-se do direito a visitas, os presidiários começaram a usar os familiares e servidores públicos do sistema penitenciário para passar recados aos comparsas do lado de fora da unidade, para não perderem o contato com a articulação criminosa e continuarem comandando ou participando de crimes do lado de fora.
“Já está funcionando, através do material humano, aí entra familiar e a corrupção dos servidores públicos”, reafirma Virgolino.
Os bloqueadores foram instalados na PEP de Parnamirim no final do mês passado, provocando reação dos presidiários, que comandaram ataques incendiários por todo o estado. Impedir a comunicação dos presos com o mundo externo às cadeias significa atrapalhar o negócio das facções a partir dos presídios.
De acordo com as autoridades de segurança, mesmo encarcerados, os detentos permanecem comandando a criminalidade do lado de dentro das penitenciárias, daí a necessidade de bloquear esse contato.
Com a mudança das formas de diálogo da população carcerária com o mundo exterior, Wallber Virgolino atenta para a necessidade de se montar estratégias de combate ao crime organizado não somente dentro das penitenciárias. “Então a gente tem que trabalhar e atacar o crime organizado de dentro pra fora das unidades prisionais e de fora para dentro”, reforça.
De acordo com o secretário, é preciso que os integrantes da sociedade civil organizada se unam em apoio a esse embate travado contra a articulação dos criminosos.
“É um trabalho contínuo, um trabalho de integração. O Governo do Estado, sozinho, não vai conseguir, a gente tem que contar com o apoio do Judiciário, do Ministério Público, das polícias federais, além das polícias civil e militar, e toda a sociedade civil organizada”, apela.
A participação da sociedade, através das denúncias, é importante para esse combate, de acordo com Virgolino. “O primeiro trabalho preventivo quem faz é a sociedade, denunciando possíveis cometimentos de crime ou possíveis ações em que venham a ocorrer prática de crime. Então a gente pede a ajuda da população”.
No que diz respeito a essas ações conjuntas, foi procurado saber de uma medida mais emergencial, o retorno da Força Nacional para o Rio Grande do Norte, anunciado pelo governador Robinson Faria nesta semana.
Em entrevista a uma rádio, o governador afirmou já ter solicitado o envio dos homens da Força Nacional para o estado, com o objetivo de substituir as tropas do Exército, que estão em Natal desde o início do mês e vão embora na próxima terça-feira (30).
A Secretaria de Comunicação do Governo do estado informou que até o final da semana não havia tido ainda uma resposta da autorização do envio da Força Nacional. Na ocasião do questionamento, foi recomendado à reportagem que procurasse a Secretaria de Segurança e Defesa Social (Sesed) para saber mais sobre o assunto.
Através da assessoria de comunicação, a Sesed disse que, através da pasta, não havia sido realizado qualquer pedido ao Governo Federal. No Ministério da Justiça, órgão presidencial responsável por coordenar as atividades da FN, foi solicitado informações sobre o pedido do governador. Entretanto, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.
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