Um total de 1,1 milhão dos potiguares – 42,25% da população adulta no Estado, percentual que fica abaixo do índice nacional, que é de 43,72% – está inadimplente, somando dívidas que chegam a R$ 5,1 bilhões, com média de R$ 4.500 para cada um. Esses números são referentes a julho deste ano e fazem parte do Mapa da Inadimplência da Serasa, levantamento mensal que apresenta o cenário de endividamento no Brasil.
A maior parte das dívidas no Estado está concentrada em três setores: Bancos e Cartões (38,53%), Financeiras (21,13%), que são empresas que concedem crédito, mas que não são bancos, e Serviços (14,55%). Entre as faixas etárias, os maiores inadimplentes têm entre 26 e 40 anos (36,1%), seguidos pela população entre 41 e 60 anos (34,3%) e por pessoas com mais de 60 anos (17,1%).
É válido destacar que julho passado trouxe a segunda retração consecutiva em inadimplentes no Brasil. No País, o número de brasileiros que não consegue pagar suas contas reduziu em 34.495 mil pessoas na comparação com junho deste ano. É a primeira vez, desde junho de 2021, em que são registradas duas quedas em sequência.
O total de 71,41 milhões de pessoas inadimplentes registradas no mês passado mostra, porém, que ainda é muito alto o número de brasileiros com as finanças desequilibradas. A inadimplência atinge 43,72% da população adulta do país. Desse total, 50,4% são mulheres e 49,6% são homens. As faixas etárias mais afetadas são de 41 a 60 anos de idade (35%) e de 26 a 40 anos de idade (34,6%).
A retração do endividamento em julho pode estar ligada aos primeiros impactos do Programa Desenrola Brasil, do Governo Federal, que desde 17 de julho estimula a negociação de dívidas com as instituições financeiras.
Segmento que sempre lidera o volume de inadimplentes, as dívidas com bancos e cartões de crédito registraram uma redução de 1,60 ponto percentual, passando de 31,13% em junho deste ano para 29,53% em julho, a maior queda na representatividade desse segmento registrada desde janeiro de 2019. Esse declínio foi impactado pelas dívidas negociadas nos canais do Serasa Limpa Nome, cujo índice relacionado aos grandes bancos aumentou de 14,77%, em junho, para 15,16% no mês passado. Em julho, mais de 188 mil acordos foram fechados por esse canal. O número de ofertas disponíveis, no entanto, batia 23,1 milhões.
No Desenrola Brasil, a Serasa foi escolhida como parceira por algumas das principais instituições financeiras do país para ser um dos canais de negociações de parte das dívidas que integram a Faixa 2 do programa (faixa para negociações de dívidas de qualquer valor de instituições financeiras, destinada a pessoas com renda mensal de até R$ 20 mil).
De acordo com o Mapa da Inadimplência da Serasa, o mês de julho acumulou um total de 265 milhões de dívidas que somaram R$ 351 bilhões. O valor médio devido por cada brasileiro é de R$ 4.923,97. Com o Serasa Limpa Nome, no entanto, os brasileiros conseguiram renegociar no mês passado 3,8 milhões de débitos. O total de descontos concedidos atingiu R$ 8,89 bilhões.
Um exemplo nesse contexto é o do encarregado de montagem Joelson Dias Silva, que negociou suas dívidas no caminhão rosa do projeto itinerante Serasa na Estrada, que está neste momento percorrendo o Sul do Brasil. “Consegui excelentes descontos em 28 dívidas relacionadas a bancos e lojas. Na negociação com um banco, quitei um débito que mantinha desde 1995. O valor era de R$ 8.650, mas paguei apenas R$ 53”, comenta.
Além de bancos e cartões, também foi verificada queda no percentual de déficits no varejo, que passou de 11,44% para 11,10% na comparação dos dois últimos meses. Já os segmentos de Utilities (contas de água, luz e gás) e Financeiras (empresas que concedem crédito mas não são bancos) tiveram alta no período.
Desenrola: bancos renegociam R$ 8,1 bi
Os bancos renegociaram R$ 8,1 bilhões por meio do Desenrola Brasil, o Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas, criado pelo governo federal, até o dia 11 de agosto, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Ao todo, foram negociados 1,296 milhão de contratos, de 985 mil clientes bancários. Os números se referem à Faixa 2, que faz parte da atual fase do programa. Nela, os bancos podem renegociar as dívidas de clientes que tenham renda mensal entre dois salários mínimos e R$ 20.000, e que não estejam incluídos no Cadastro Único do governo federal.
Ainda de acordo com o levantamento da entidade, os bancos retiraram cerca de 5 milhões de registros negativos de clientes que tinham dívidas de até R$ 100. A baixa de registros se encerrou em 27 de julho, e não significa que as dívidas foram perdoadas.
“Os números do Desenrola falam por si e são uma grande satisfação para todos, bancos, governo e a sociedade”, diz em nota o presidente da Febraban, Isaac Sidney. “A grande adesão e o interesse pelo programa na Faixa 2 são uma amostra do que virá em setembro, com a Faixa 1.”
A Faixa 1 é de clientes de menor renda, cujas dívidas serão garantidas por um fundo do Tesouro. Ela deve vir acompanhada da entrada de dívidas não-bancárias no programa, e da estreia de uma plataforma online, estruturada pela B3, em que os bancos poderão “comprar” as dívidas em leilões, oferecendo descontos.
Os maiores bancos do País aderiram ao Desenrola, cada um com uma estratégia. Alguns deles, como o Banco do Brasil, têm estendido as condições do programa a clientes que não estão enquadrados em seus critérios.
Nesta semana, o Banco Mercantil anunciou sua adesão ao programa, com proposta de oferecer descontos de até 95% do valor total dos débitos, além de parcelamento em até 120 vezes.
A gerente de Retenção e Recuperação de Crédito do Mercantil, Vanessa Leão, exalta a iniciativa: “Hoje, cerca de 78,3% das famílias brasileiras estão endividadas (de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada em maio, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo- CNC). Essas famílias querem regularizar suas finanças e limpar os nomes para voltarem a comprar. A recuperação do potencial de consumo terá um grande impacto positivo na economia do País”, analisa.
Quem pode se beneficiar
A Faixa 2, iniciada em julho, engloba pessoas físicas com renda de até R$ 20 mil e dívidas em banco sem limite de valor. O interessado deve fazer a negociação diretamente com sua instituição financeira, para débitos contraídos exclusivamente com os bancos, entre 2019 e 31 de dezembro de 2022.
Em setembro, começa a etapa do programa destinada à Faixa 1, que inclui pessoas com renda bruta de até 2 salários mínimos ou inscritas no CadÚnico, que dá acesso ao Bolsa Família e demais programas sociais do governo. Além dos débitos com os bancos, poderão ser negociados outros, no limite de até R$ 5 mil.
NÚMEROS
42,25% dos potiguares estão inadimplentes, segundo o Mapa da Inadimplência da Serasa
R$ 4.500 é o valor médio da dívida por cada potiguar inadimplente, segundo os dados do levantamento
Dívidas estão concentradas em três setores:
Bancos e Cartões (38,53%)
Financeiras (21,13%)
Serviços (14,55%)
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