Poucos dias depois do lançamento da nova coleção de camisas da seleção brasileira pela Nike em agosto, uma onda de postagens nas redes sociais chamava atenção para o fato de que uma série de palavras ligadas a religiões de matrizes africanas apareciam como “indisponíveis” no serviço de customização oferecido pela marca.
Internautas apontaram que, enquanto não se permitia que “Exu” e “Ogum” fossem inscritos nas costas da camisa, termos como “Jesus” e “Cristo”, por outro lado, estavam liberados.
Foi a discussão sobre possibilidade de a prática configurar discriminação religiosa que levou um funcionário público a enviar uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) solicitando que o órgão apurasse o caso.
Por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro, o MPF se reuniu com a Fisia, distribuidora da Nike no Brasil, e no último dia 11 de novembro firmou acordo com a empresa.
A companhia se comprometeu a garantir que a política de marketing da marca – que proíbe a customização das camisas de times e seleções esportivas com palavras ligadas a temas religiosos – não seja praticada de forma a incorrer em discriminação religiosa.
Na prática, termos ligados a religiões de matrizes africanas seguem “indisponíveis” para os consumidores que quiserem customizar suas camisas – o que também passa a ser o caso para vocábulos relacionados a quaisquer outras religiões. As palavras “Jesus” e “Cristo” já haviam sido incluídas na lista de termos de uso vedado pouco depois de a polêmica ter surgido.
Segundo a procuradora da República Aline Caixeta, não cabia ao MPF questionar a política de marketing em si da empresa, por se tratar de uma determinação internacional. O esforço, ela afirma, foi o de garantir que não houvesse discriminação religiosa.
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