Os jumentos estão entrando em extinção. O maior símbolo animal do nordeste brasileiro corre risco de não existir mais se nada for feito por parte das autoridades. O alerta foi feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) e também pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia. Eles prevêem que os animais possam desaparecer já em 2022.
A explicação está no abate para a venda da pele do animal, que tem em países como Portugal, Espanha, China e Itália seus principais destinos. Ela é um dos compostos principais na produção do ejiao, uma gelatina da medicina tradicional chinesa usada para tratar problemas de saúde como insônia, tosse seca e problemas de coagulação sanguínea.
“O jumento está no Brasil desde o tempo do descobrimento e foi se reproduzindo, desenvolvendo espécies que só existem aqui e que vão acabar. Pelos números apresentados nos levantamentos do próprio Ministério da Agricultura, a partir do ano que vem, não teremos mais jumentos na Bahia e nem no Nordeste inteiro”, alerta a médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Vânia Nunes, em entrevista ao “Correio 24h”.
Um dos motivos pelos quais o jumento é muito procurado está no baixo preço cobrado pela venda. A questão é que não há uma taxa de reprodução alta desses animais, o que impede que haja um equilíbrio entre os abates e nascimentos.
O abate de jumentos havia sido proibido em 2018 após uma movimentação de organizações de proteção aos animais. No entanto, em 2019, a prática voltou a ser legalizada, com uma regulamentação que, apesar de bem intencionada, não é fiscalizada de forma eficaz.
“Sabemos que existem interesses econômicos que beneficiam alguns segmentos e fazem essa prática continuar permitida, apesar dos alertas que já foram feitos. Essa prática está acabando com os jumentos. A gente não pode admitir uma situação como essa. Estamos vendo uma verdadeira chacina de uma espécie fundamental”, completa Vânia.
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