domingo, 22 de maio de 2022

Projeto de ICMS pode tirar até R$ 1 bi do Estado e municípios

Projeto altera alíquota de ICMS sobre os combustíveis, energia e telecomunicações e deve ser apreciado na Câmara próxima semana. Foto: Magnus Nascimento

Se combustíveis, energia e telecomunicações tiverem a alíquota máxima do ICMS fixada em 17%, o Estado do Rio Grande do Norte e os 167 municípios potiguares terão uma perda de até R$ 1 bilhão, anualmente. No Brasil os Estados e municípios devem perder, por ano, R$ 65,67 bilhões de arrecadação. Somente os municípios brasileiros teriam perda de R$ 15 bilhões ao ano. As estimativas são da Confederação Nacional de Municípios (CNM), elaboradas pela área de Estudos Técnicos.

A fixação de alíquota máxima de 17% do ICMS (tributo cobrado pelos Estados) sobre energia, combustíveis, telecomunicações e transportes está prevista em projeto de lei complementar (PLP) que o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), quer pautar na próxima semana. Lira cobra uma saída conjunta entre Congresso, governo e Judiciário para os aumentos de energia e combustíveis. Para pressionar os Estados a reduzir os tributos, ele ameaçou pôr em votação o projeto.


A urgência para a tramitação foi aprovada na noite de quarta. Um projeto de decreto legislativo, que também tramita em regime de urgência, suspende os reajustes da tarifa de energia na Bahia, no Ceará e no Rio Grande do Norte, podendo ter efeito geral para outros aumentos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).


Os setores de combustíveis, energia e telecomunicações são chamados de blue chips (mais valiosos) para a tributação do ICMS porque, tradicionalmente, respondem por uma significativa fatia da sua receita. Há 15 anos, chegaram a responder por mais de 40% da arrecadação. Hoje, respondem por um terço. Isso ocorre porque segundo o economista Sergio Gobetti, especialista em finanças públicas, esses são os únicos produtos tributados no destino (onde os serviços ou produtos são consumidos) e, portanto, fora da guerra fiscal travada entre os Estados.


Além disso, as suas alíquotas foram elevadas ao longo das últimas décadas para compensar a perda de receita com benefícios para os demais setores econômicos. Em alguns Estados, a queda seria de 30% para 17%.


“Reduzir o ICMS da gasolina e da energia sem, ao mesmo tempo, eliminar a montanha de benefícios fiscais em vigor é populismo fiscal e irresponsabilidade”, diz Gobetti. Para ele, a melhor forma de corrigir essas distorções e uniformizar a carga tributária do País seria aprovar a PEC 110 da reforma tributária que o Senado tenta aprovar este ano, sob resistências. A reforma tributária prevê tratamento mais uniforme para todos os produtos e serviços do País, eliminando as diferenças de carga tributária entre as blue chips e outras mercadorias e serviços.

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