As grandes redes de farmácia do País, que representam 10% das empresas do setor e respondem por cerca de 50% do mercado, viram o faturamento da venda de genéricos subir 15,8% entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A
alta é maior do que o reajuste máximo de 5,6% que os medicamentos tiveram no ano passado e revela uma maior concentração nas vendas em grandes redes. Isso porque, as unidades vendidas no País, em todo o ano de 2023, avançaram apenas 5%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos).
O presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a oferta de medicamentos por parte da indústria hoje é limitada. Assim, as redes de maior porte fecham acordos comerciais com antecedência para garantir seu abastecimento. Ainda assim, apenas cerca de 70% do que é encomendado de fato chega a esses pontos de venda. No caso dos genéricos, como há mais variedade de laboratórios, especialmente para produtos voltados a doenças crônicas como hipertensão, é possível que os acordos comerciais fiquem mais vantajosos para as farmácias.
Mena explica ainda que, apesar da demanda maior que a oferta por medicamentos em geral, a escassez que atinge redes menores não tem solução de curto prazo. Um aumento de produção esbarra, por um lado, na saturação de marcas de genéricos em determinados segmentos, o que derrubaria preços e,por outro, em remédios ainda protegidos por patentes.
Ele acrescentou ainda que a falta de produção interna de princípios ativos reduz a oferta para o País. Na hora de escolher para quem vender, produtores internacionais podem optar por outros mercados, a depender das vantagens comerciais.
Não à toa, o índice de fechamento de farmácias mostra uma boa diferença entre as grandes redes e as independentes. Nos últimos 24 meses contados até fevereiro deste ano, 7.784 farmácias foram fechadas, delas 6.823 (87,6%) são independentes. Para Mena, uma das razões para isso é a falta de maior oferta de produtos farmacêuticos.
“Enquanto grandes redes recebem cerca de 70% do que encomendam e, assim, capturam mais vendas, redes independentes chegam a receber apenas 50% e convivem com a falta de produtos”, diz Mena
No geral, em todo o setor, a venda de genéricos é mais representativa, visto o preço final ao consumidor. “A venda de genéricos (em faturamento) avançou 15,8%, enquanto a venda geral de medicamentos avançou 14,9%. Isso significa que vendemos muito mais genéricos, pois o valor em dinheiro das unidades é menor”, disse Mena.
Entre janeiro e abril, a receita com a comercialização de genéricos totalizou R$ 3,88 bilhões. O resultado segue a tendência registrada nos anos anteriores. Em 2023, por exemplo, os genéricos superaram pela primeira vez as cifras de R$ 10 bilhões e tiveram alta de 15,6% sobre 2022.
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