segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TV portuguesa acusa Igreja Universal de tráfico de crianças




A emissora portuguesa TVI começou a veicular nesta segunda-feira uma série de reportagens que envolvem a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em um suposto esquema de tráfico de crianças em Lisboa. A igreja nega as acusações e afirma que a TV promove uma “campanha difamatória” contra a instituição (leia a nota no final da reportagem).

Segundo a emissora, que é líder de audiência em Portugal, várias crianças desapareceram de um lar pertencente à IURD depois de terem sido deixadas lá por famílias pobres. Na série “O Segredo dos Deuses”, a emissora sustenta que essas crianças acabavam no estrangeiro e depois eram adotadas irregularmente por bispos e pastores da Universal, fundada pelo bispo Edir Macedo há 40 anos.

“Essas mães foram literalmente roubadas no que diz respeito aos seus filhos, de quem não tinham notícia há mais de 20 anos”, diz a jornalista Alexandra Borges, uma das autoras da série. “É uma história muito grave. Temos histórias complicadíssimas.”

Para Judite França, a outra jornalista que assinou a série de reportagens, o mais difícil foi chegar até as mães. “Em casos de adoção, que são sigilosos, chegar às mães é muito difícil. Até que um dia chegamos a elas e a algumas crianças”, afirmou.

A TV informou que a série foi produzida com base em documentos e processos aos quais teve acesso depois de sete meses de apuração.

Campanha difamatória

Em nota, a Igreja Universal do Reino de Deus classificou a série da TV portuguesa como “mentirosa” e acusou a emissora de “promover uma campanha difamatória” que a instituição “não pode tolerar”.

Ainda de acordo com o texto da IURD, a TVI baseou a série em relatos de Alfredo Paulo Filho, ex-bispo da igreja, que foi expulso da instituição após “condutas impróprias que tornaram insustentável a sua permanência na Igreja Universal do Reino de Deus”.

“Ressalvamos que os bispos e pastores têm de manter um comportamento moral irrepreensível, o que não foi o caso de Alfredo Paulo Filho, que assumiu, ele próprio, ter falhado em seus compromissos, nomeadamente com a sua família, com os fiéis e com a Igreja”.

Ainda segundo a nota da IURD, o ex-bispo foi condenado pelos tribunais brasileiros a pagar 1,7 milhão de reais de indenização para a igreja, por danos morais. A IURD afirma que Alfredo Paulo Filho seria preso caso tentasse retornar ao Brasil e atribui a ele a ele as denúncias que embasaram as reportagens da TV portuguesa.

“Alfredo Filho tem promovido uma campanha altamente caluniosa e falsa, fazendo tábua rasa do acordo que havia assinado, quer relativo à Universal, quer relativo aos seus bispos, pastores e colaboradores, questionando toda a comunidade da Igreja Universal”, diz a nota. “Ele resolveu prosseguir essa campanha ofensiva e atentatória à credibilidade e prestígio da instituição nas redes sociais e, mais recentemente, também na televisão.”

Sobre as acusações presentes nas matérias, a Universal informou que todas as adoções foram autorizadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa. “Aliás, a matéria que será veiculada fala em adoções ilegais decididas pelos tribunais, o que é um evidente contrassenso”, afirma a IURD no texto.

“Alguns dos agora adultos que foram então adotados já nos contataram e gravarão um depoimento que esclarecerá se foram ou não raptados, e em que condições se encontram.” A IURD informou ainda que “os culpados por essa campanha irão ser chamados à Justiça, onde o assunto será tratado”.

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