sexta-feira, 25 de março de 2016

Semana Santa! Saiba como é celebrada a páscoa nas diferentes religiões

Nesta semana, a igreja católica deu início às celebrações tradicionais da Semana Santa, o chamado Tríduo Pascal. É neste período que católicos do mundo inteiro fazem uma das maiores celebração de fé do cristianismo, relembrando os mistérios vividos por Cristo, a paixão, morte e ressurreição.
Mas você sabia que a páscoa tem um significado diferente para cada religião e que algumas nem mesmo comemoram? A reportagem do portalnoar.com conversou com representantes do judaísmo, da doutrina espírita do protestantismo e do próprio catolicismo para mostrar a maneira particular que cada uma tem de celebrar esta data.
Judaísmo
Neste período judeus costumam não comer pão com fermento (Foto: Wikimedia Commons)
Neste período judeus costumam não comer pão com fermento (Foto: Wikimedia Commons)
Celebrada em uma data diferente dos católicos, a páscoa judaica, chamada de Pesach, do hebraico, acontece no período de 22 a 29 de abril e comemora a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, que teve como protagonista a figura de Moisés.
A Páscoa dos judeus remonta ao período em que os ancestrais dos hebreus eram nômades. Nessa época, simbolizava um rito do mundo pastoril ligado à passagem do inverno para a primavera.
Quando esses ancestrais deixavam o local onde tinham passado o inverno com suas ovelhas e se dispersavam a procura das pastagens necessárias para os rebanhos, os pastores faziam uma festa.
De acordo com Diego Avelino, integrante de uma comunidade judaica em Natal, a páscoa para os judeus está mais ligada a um período de reflexão e menos festivo.
Nesse período é recomendado que os judeus não comam nada com fermento. Este ritual remonta o momento da fuga do cativeiro do faraó Ramsés e,como tiveram que fazer tudo às pressas, acabaram comendo o pão sem que ele passasse pelo período de fermentação.
“Além do pão sem fermento, é recomendado que se coma alimentos que façam alusão ao êxodo, como ervas amargas, para simbolizar o sofrimento do seu povo”, explica Diego.
O judaísmo é a religião monoteísta mais antiga do mundo. Originou-se por volta do século XVIII a.C., quando Deus mandou Abraão procurar a terra prometida. Seu desenvolvimento ocorreu de forma conjunta ao da civilização hebraica, através de Moisés, Davi, Salomão, entre outros, sendo que foram esses dois últimos os reis que construíram o primeiro templo em Jerusalém.
Catolicismo
Para os católicos a páscoa é um período tão importante que é precedido por um longo tempo de preparação chamado de quaresma. A quaresma são os quarenta dias compreendidos entre a quarta-feira de cinzas até a quinta-feira santa. Neste período os cristãos são convidados a se preparar através do jejum, da penitência e da vivência mais intensa da exigência da oração e sobretudo da caridade.
De acordo com o padre o padre Francisco Fernandes, a Semana Santa começa com a missa do Domingo de Ramos. “O ponto alto da Semana Santa são os três dias que compõem o chamado Tríduo Pascal, que compreende a quinta e sexta-feira santa, além do sábado. Cada um desses dias tem uma simbologia e significados específicos para os católicos”, explica.
Foto:ALberto Leandro/PortalNoar
Foto:ALberto Leandro/PortalNoar
A quinta-feira santa é o dia em que é celebrada a Missa do Crisma. Chamada popularmente de missa dos santos óleos, é a celebração em que o bispo vai abençoar os óleos que serão utilizados em todos os sacramentos durante o resto do ano. “O sentido mais significativo da missa é a renovação dos compromissos sacerdotais”, enfatiza Francisco.
Ainda na quinta-feira, na parte da tarde, acontece a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, ou a missa do lava-pés, como é popularmente conhecida. De acordo com o padre Francisco, esta é uma liturgia que faz memória da instituição da eucaristia e da instituição do sacerdócio, relembrando o momento em que Jesus chega a Jerusalém e na última ceia consagra o pão como seu corpo. “Daí nasce o sacerdócio, porque ele constitui seus colaboradores como figuras autorizadas, consagradas para a realização desse mesmo mistério depois”.
A Sexta-feira Santa é o único dia do calendário católico em que não são celebradas missas. O padre Francisco explica que neste dia a igreja celebra apenas uma liturgia bastante sóbria, pedindo aos cristãos espírito de recolhimento, de contemplação, de meditação em que se faz memória do instante em que Deus em seu Filho morre. “Nesse momento a Igreja é chamada não a mergulhar em uma profunda tristeza, mas a se revestir da esperança de que não seja da morte a palavra última e definitiva”.
No caso específico da Sexta-feira Santa é recomendado que se viva este dia através da prática do jejum e da abstinência, que consiste em que o fiel faça uma refeição principal bem feita de modo sóbrio e que não seja com comidas requintadas para não tirar o espírito de simplicidade que requer essa prática, além de outras duas simples ao longo do dia.
Passado o recolhimento da sexta-feira, na noite do sábado acontece o momento da grande vigília, chamada de Vigília Pascal. Considerada a mãe de todas as vigílias, esse dia é também conhecido como sábado de aleluia. “É disso que brota o fundamento do cristianismo, o fato de Cristo ter ressuscitado”, reitera o sacerdote.
Passado o Tríduo Pascal, chega então o domingo de Páscoa, “dia de celebração à grande alegria de que a palavra última não foi da morte e que Cristo vive e que ele nos resgatou e nos salvou de uma vez por todas”.
O termo catolicismo é “usado geralmente para uma experiência específica do cristianismo compartilhada por cristãos que vivem em comunhão com a Igreja de Roma.”[3] Muitos dos principais credos cristãos, nomeadamente o Credo dos Apóstolos e o Credo niceno-constantinopolitano, utilizam este termo.
No seu sentido mais estreito, o termo é usado para referir-se à Igreja Católica de Roma, formada por 23 igrejas que estão em comunhão total com o Papa, e possui mais de um bilhão de fiéis, ou seja, mais de um sexto da população mundial.
Protestantismo
Evangélicos costuma fazer retiros (Foto: Cedida)
Evangélicos costuma fazer retiros (Foto: Cedida)
Para os protestantes ou evangélicos, a páscoa significa passagem. O termo faz referência aos hebreus escravizados no Egito e de como foram salvos da última das dez pragas que caíram sobre Faraó para que libertasse o povo hebreu.
Diferentemente do catolicismo e do judaísmo, os evangélicos não seguem nenhum tipo de liturgia. A data é celebrada através da reflexão e são comuns a realização de retiros espirituais, com cultos e cânticos de louvor.
De acordo com p pastor Eliomar Fonseca, não existe uma programação especial nas igrejas e o momento de reflexão é algo muito mais individual. “Cada pessoa celebra da sua forma, através da oração, da reflexão e não através de rituais litúrgicos”, disse.
O protestantismo é um dos principais ramos, juntamente com a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa do cristianismo. Este movimento iniciou-se na Europa Central no início do século XVI como uma reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval.
Os protestantes também são conhecidos pelo nome de evangélicos juntamente com os pentecostais e neopentecostais oriundos de Igrejas Protestantes.
Espiritismo
Diferente das demais religiões, os espiritas não comemoram a páscoa. Para eles, a data está mais votada aos rituais católicos, sendo uma data imposta no calendário cristão.
De acordo com Murilo Montenegro, da comunidade espirita do Conjunto Pirangi, o espiritismo prega que a bondade e a caridade e a aproximação com Deus devem ser cultivadas todos os dias e não apenas em uma data específica.
Para a comunidade espírita a páscoa é uma data que não faz parte do calendário de celebrações de sua doutrina. “Estamos mais voltados para a pregação da bondade e para o respeito e renovação diária”, disse.
O Espiritismo kardecista é uma doutrina religiosa e filosófica mediúnica ou moderno espiritualista. Foi criada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec.

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